Continuam as buscas pelo submarino Titan, que foi desaparecido desde o último domingo, 18 de junho, após iniciar uma expedição rumo aos destroços do Titanic.
O fundador e CEO da OceanGate, empresa responsável pelo submarino 'Titan', Stockton Rush, relatou em um podcast que "em algum momento, a segurança é apenas puro desperdício".
De acordo com informações do portal O Globo, o empresário é um dos tripulantes que estão dentro do submersível perdido no Oceano Atlântico.
A declaração foi dada durante o programa Unsung Science, do jornalista David Pogue, da CBS. O repórter participou de uma viagem exploratória do Titan ao Titanic, em novembro do ano passado.
Após o retorno, ele e o CEO conversaram no podcast. Na ocasião, Rush disse que havia um "limite" para a segurança.
"Você sabe, em algum momento, a segurança é apenas puro desperdício. Quero dizer, se você só quer estar seguro, não saia da cama, não entre no seu carro, não faça nada. Em algum momento, você vai correr algum risco, e é realmente uma questão de risco-recompensa", afirmou Rush.
Ex-funcionário alertou sobre problemas
A OceanGate foi alertada por um ex-funcionário quanto a problemas de "controle de qualidade e segurança" no submersível Titan em 2018, segundo documentos judiciais obtidos pela imprensa americana.
Segundo a revista The New Republic, a Ocean Gate processou David Lochridge, então diretor de operações marítimas da empresa, após ele supostamente divulgar informações confidenciais sobre o Titan.
Lochridge, por sua vez, afirma ter sido demitido injustamente da companhia após levantar preocupações sobre a "recusa da empresa em conduzir testes críticos e não destrutivos" do Titan.
PERIGO
Segundo Lochridge, os passageiros do submarino correriam perigo conforme o veículo atingisse temperaturas mais profundas por conta da pressão sobre a estrutura do Titan.
No processo, Lochridge também detalhou uma reunião da equipe de engenharia da empresa, onde diferentes funcionários expressaram preocupação quanto a segurança do submarino.
O CEO da Ocean Gate, Stockton Rush, pediu, então, a Lochridge uma inspeção no Titan, mas, no processo, o então funcionário da empresa relata ter tido dificuldades em obter documentos necessários para a realização do trabalho.
"Os passageiros pagantes não teriam conhecimento e não seriam informados sobre esse projeto experimental, a falta de testes não destrutivos do casco ou que materiais inflamáveis perigosos estavam sendo usados dentro do submersível", diz um dos documentos do processo.
CASO DO SUBMARINO DESAPARECIDO: QUÃO PROFUNDO O 'SUBMARINO TITANIC' PODE ESTAR?
A comunicação com o submarino, de 6,5 metros de comprimento, foi perdida durante sua descida em direção aos destroços do navio Titanic, que se encontram a quase 4.000 metros de profundidade, a cerca de 600 quilômetros de Terra Nova, no Atlântico Norte.
Segundo as autoridades, o submarino perdeu contato com a superfície quase duas horas após sua imersão.
Em comunicado, a empresa privada OceanGate Expeditions, dona do submarino, relatou: "Estamos explorando e mobilizando todas as opções para trazer os tripulantes de volta em segurança. Toda a nossa atenção está voltada para os tripulantes do submersível e suas famílias".
Dados do submarino Titan, que desapareceu enquanto levava turistas até o Titanic - SOPHIE RAMIS, MARIA-CECILIA REZENDE / AFP
O SUBMARINO IMPLODIU? O QUE É IMPLOSÃO DO SUBMARINO?
Uma das hipóteses é que o submarino que transportava os turistas até o Titanic tenha implodido. A implosão é uma explosão interna. O processo acontece quando os objetos são destruídos ao colapsar (ou serem espremidos) sobre si mesmos.
Embora desconheça a composição do submarino, Alistair Greig, professor de engenharia marítima no University College London, sugeriu duas possíveis hipóteses com base em imagens do equipamento,
Se houve um problema elétrico ou de comunicação, o submarino poderia ter emergido e permanecido flutuando, "aguardando para ser encontrado".
"Outro cenário é que o casco de pressão tenha sido danificado", disse em comunicado. "Nesse caso, o prognóstico não é bom".
BUSCAS PELO SUBMARINO
Equipes de resgate de Estados Unidos e Canadá esperavam, nessa terça-feira (20), que a chegada de navios especializados em águas profundas e de especialistas permita encontrar o submarino.
"Trata-se de uma busca muito complexa e a equipe unificada está trabalhando sem descanso para pôr em andamento o quanto antes os recursos e conhecimentos disponíveis", disse à imprensa o capitão da guarda-costeira americana, Jamie Frederick.
"Do ponto de vista logístico, é difícil aportar ativos. Requer tempo e coordenação", acrescentou.
"Restam cerca de 40 horas de oxigênio" no submersível, disse Frederick por volta das 17h GMT (14h de Brasília) dessa terça. Os socorristas estimam que o submersível disponha de oxigênio para menos de dois dias.
Equipes de resgate de Estados Unidos e Canadá esperam que a chegada de navios especializados em águas profundas e de especialistas permita encontrar o pequeno submarino - Handout / OceanGate Expeditions / AFP
QUEM ESTÁ NO SUBMARINO TITAN?
Ao todo, cinco pessoas estão a bordo do submarino Titan. Um dos passageiros foi identificado como o empresário britânico Hamish Harding, cuja empresa de aviação havia publicado nas redes sociais sobre sua expedição à área onde naufragou o Titanic.
Harding, um aviador de 58 anos, turista espacial e presidente da associação Action Aviation, publicou em seu Instagram no domingo que estava orgulhoso de se juntar à missão Titanic da OceanGate.
Há um ano, ele se tornou um turista espacial através da empresa Blue Origin, fundada por Jeff Bezos, da Amazon. O empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho Suleman Dawood também estão a bordo da embarcação.
Shahzada Dawood é vice-presidente do conglomerado Engro, com sede em Karachi, que tem investimentos em energia, agricultura, petroquímica e telecomunicações.
O francês Paul-Henri Nargeolet, mergulhador veterano e especialista nos destroços do Titanic, e Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions, responsável pelos mergulhos turísticos, também encontram-se dentro do submarino.
Mike Reiss, roteirista americano que visitou os destroços do Titanic no mesmo submarino no ano passado, disse à BBC que a experiência foi desorientadora.
Equipes de resgate de Estados Unidos e Canadá esperam que a chegada de navios especializados em águas profundas e de especialistas permita encontrar o pequeno submarino - Handout / OceanGate Expeditions / AFP
Com uma pressão 400 vezes maior do que na superfície, "a bússola parou de funcionar imediatamente e começou a girar, então tivemos que nos mover às cegas no fundo do oceano, sabendo que o Titanic estava em algum lugar", explicou Reiss.
Todos estavam cientes dos perigos da expedição, disse à BBC. "Você assina um documento antes de embarcar, e na primeira página a morte é mencionada três vezes".
