Polícia

Operação policial no Guarujá deixa ao menos 10 mortos, e Comissão analisa dénuncias de excesso policial

Comissão investiga os excessos das autoridades e os depoimentos de familiares das pessoas que morreram durante a operação

Fernanda Cysneiros (Com informações da Agência Brasil)
Fernanda Cysneiros
(Com informações da Agência Brasil)
Publicado em 01/08/2023 às 8:22 | Atualizado em 01/08/2023 às 8:46
Notícia
Reprodução
Operação policial no Guarujá será analisada por Comissão - FOTO: Reprodução

As denúncias de excesso policial relacionadas à Operação Escudo, deflagrada no último final de semana, serão analisadas por uma comissão.

A operação policial no Guarujá deixou ao menos oito pessoas mortas. Contudo, a Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo fala em dez mortos.

A comissão será formada pela Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo, pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).

Isso tudo com o objetivo de ouvir as vítimas dos supostos excessos das autoridades e os familiares de pessoas que morreram durante a operação policial.

Policial Reis é assassinado

A Operação Escudo teve início após o assassinato do policial Patrick Bastos Reis (30), soldado das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), em 27 de julho, durante patrulhamento. No curso da operação, dez pessoas foram presas.

Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (31), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse estar "extremamente satisfeito" com a ação da polícia em resposta à morte do soldado Reis.

“Nós não vamos deixar passar impune agressão a policial. Não é possível que o bandido, que o criminoso, possa agredir um policial e sair impunemente, então nós vamos investigar, nós vamos prender, nós vamos apresentar à Justiça, nós vamos levar ao banco dos réus. Foi isso exatamente que foi feito nesse fim de semana. Estou extremamente satisfeito com a ação da polícia”, disse

Violência e mais violência

A Operação Escudo também recebeu críticas do Instituto Sou da Paz. Por meio de nota, o instituto declarou que “a resposta do Estado a crimes cometidos por policiais não pode ocorrer fora da legalidade e gerar mais violência”.

“O Instituto Sou da Paz lamenta a morte do soldado PM Patrick Bastos Reis, ocorrida no último dia 27 durante patrulhamento de rotina, no Guarujá (SP). Manifestamos profunda preocupação com a quantidade de ações policiais que resultaram em mortes no curso da Operação Escudo, determinada pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo após o homicídio do soldado Reis”, escreveu.

Comissão analisa denúncias

Em nota, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns (Comissão Arns) manifestou preocupação com a operação policial do Guarujá, que resultou na morte de "elevado número de ‘suspeitos'".

A Arns cobra uma rigorosa investigação - não só de autoridades policiais, mas também do Ministério Público - e acompanhamento da sociedade civil e dos órgãos federais responsáveis pela garantia dos direitos humanos.

“A morte do policial não pode ser tolerada, exigindo ação rigorosa por parte das autoridades, porém dentro dos estritos limites do Estado de Direito. O elevado número de mortes de 'suspeitos' no bojo da referida operação, neste último fim de semana, assim como denúncias de torturas praticadas contra membros da comunidade, inclusive adolescentes, além de ameaças de retaliação contra a população civil, exige imediata investigação”, diz o texto.

De acordo com o governador, 'não houve excesso, houve atuação profissional'. Conclusão a que ele apenas poderia chegar após a realização de investigações rigorosas e independentes. Esse tipo de endosso a priori da conduta policial apenas contribui para a flexibilização dos tão necessários controles sobre atividade policial”, continua.

*Com informações da Agência Brasil.

 

Comentários