PRISÃO DE BOLSONARO

BOLSONARO VAI SER PRESO HOJE? Confissão de Mauro Cid sobre vendas de joias a mando de Bolsonaro INCRIMINAM o ex-presidente

Mudança na estratégia de defesa de Cid deve fechar o cerco para a defesa de Bolsonaro

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Vitória Floro

Publicado em 18/08/2023 às 6:37 | Atualizado em 18/08/2023 às 8:14
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Após uma reviravolta inesperada no caso das joias, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), optou por fazer uma confissão. Ele admitiu que o ex-presidente ordenou a venda das joias presenteadas pela Arábia Saudita ao governo brasileiro.

A informação foi incialmente relatada pela Revista Veja e posteriormente confirmada pela CNN através do advogado Cezar Bitencourt, a informação veio à tona.

"Eu direi apenas uma coisa: Mauro Cid é inocente", afirmou Bitencourt, acrescentando: "É inegável que Bolsonaro é quem emitiu a ordem. Cid, como militar disciplinado, simplesmente seguiu as instruções."

A defesa alega que o ex-presidente teria dito a Cid para "resolver a questão", referindo-se à venda das joias e relógios.

Bitencourt assumiu a defesa de Mauro Cid na terça-feira (15), após um pedido da família do tenente-coronel. O experiente criminalista é o terceiro advogado a representá-lo neste caso.

Após uma reunião entre Cid e seu novo advogado, ficou decidido que ele deveria se abrir completamente, devido à montanha de evidências já coletadas pela investigação e à possibilidade de ser o principal responsabilizado.

De acordo com a nova versão que Mauro Cid apresentará, Bolsonaro solicitou que ele cuidasse da venda das joias. O dinheiro resultante da venda teria sido entregue em espécie a Bolsonaro, para evitar rastros.

Com quatro décadas de experiência como criminalista e autor de diversos livros sobre Direito Penal, Bitencourt também expressou sua intenção de se encontrar com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O advogado argumenta que uma confissão voluntária tem o potencial de mitigar a pena que possa ser imposta a Mauro Cid.

Entenda o caso

Uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) revela que Mauro Cid, atualmente detido desde o dia 3 de maio, transportou para os Estados Unidos presentes de alto valor recebidos por autoridades públicas brasileiras de representantes árabes, com a intenção de comercializá-los.

Ele teria levado esses itens no mesmo avião presidencial utilizado por Jair Bolsonaro em sua viagem para Orlando, em 30 de dezembro do ano passado.

Conforme apurado pela PF, existe a suspeita de que a conta bancária do pai do ex-ajudante de ordens tenha sido utilizada para receber pagamentos decorrentes das vendas dos presentes. Nessa conta, teriam sido creditados R$ 68 mil.

No mesmo relatório, a PF menciona que Cid solicitou a quantia de US$ 25 mil (aproximadamente R$ 125 mil) em dinheiro vivo para entregar a Bolsonaro. Ele também demonstrou inquietação em relação ao uso do sistema bancário convencional.

A investigação "identificou que esse padrão operacional foi empregado para retirar do país pelo menos quatro conjuntos de bens que foram entregues ao ex-presidente da República durante viagens internacionais, na qualidade de chefe de Estado".

De acordo com os investigadores, os eventos analisados em tese configuram os crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Embora nem todos os itens tenham sido vendidos, o esquema, ainda assim, teria movimentado mais de R$ 1 milhão.

As apurações se baseiam em trocas de mensagens escritas e gravadas entre os suspeitos envolvidos no esquema, bem como em fotografias dos objetos em questão, que incluem relógios, estátuas e conjuntos de joias.

Envolvimento da família de Cid

Em um áudio obtido pela Polícia Federal (PF), o tenente-coronel menciona um "kit". Ele está se referindo a um dos conjuntos de joias que foram concedidos ao então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após sua viagem à Arábia Saudita em 2021.

Esse conjunto, conhecido como "kit ouro rosé", compreendia uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe (masbaha) e um relógio.

No mês de fevereiro deste ano, esse conjunto foi colocado à venda por US$ 120 mil em um site de leilões dos Estados Unidos.

REPRODUÇÃO
Kit de joias - REPRODUÇÃO

De acordo com a investigação, o ex-presidente Jair Bolsonaro só conseguiu efetuar a devolução das joias ao Estado brasileiro no final de março, após uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), já que essas joias ainda não haviam sido adquiridas em leilões.

Os itens foram enviados de volta ao Brasil e devolvidos em 24 de março deste ano.

A PF também declarou que o pai de Cid foi responsável por conduzir a venda das joias nos Estados Unidos, e que o tenente do Exército Osmar Crivelatti tinha a incumbência de cuidar das joias sauditas e realizar a manutenção dos objetos.

Estes eram mantidos em um acervo estabelecido em uma fazenda situada em Brasília.

O acervo no local era constituído por mais de 9 mil objetos e ocupava uma área de cerca de 200 m³ na Fazenda Piquet, localizada em uma região próxima ao Lago Sul, uma área nobre em Brasília.

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