Pílula do dia seguinte

Pílula do dia seguinte deve ser última opção, dizem os médicos; veja quando a pílula deve ser usada para impedir gravidez

Pílula do dia seguinte tem alta dose de hormônios e pode provocar efeitos colaterais; outros métodos contraceptivos são mais eficazes

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Gabriel dos Santos

Publicado em 22/11/2023 às 10:00 | Atualizado em 22/11/2023 às 10:46
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Quase toda mulher com vida sexual ativa já se deparou com a pergunta: quando devo tomar pílula do dia seguinte? O método, dizem os médicos, deve ser encarado como a última opção para tentar evitar uma gravidez indesejada, após uma relação sexual desprotegida e, não, como um recurso rotineiro de prevenção. Mas quais os riscos? Qual o percentual de eficácia? Tem efeitos colaterais? Fizemos essas e outras perguntas a dois ginecologistas. Veja as respostas a seguir:

Quando a pílula do dia seguinte deve ser tomada?

Para o ginecologista e obstetra Paulo Henrique Aureliano, a pílula do dia seguinte deve ser usado em situações emergenciais, como nos seguintes casos:

  • rompimento de preservativo;
  • pausa prolongada no anticoncepcional oral;
  • em caso de esquecer de aplicar o anticoncepcional injetável na data correta;
  • expulsão do diafragma ou do DIU e
  • em casos de violência sexual.

“A pílula do dia seguinte deve ser encarada como última opção, tendo em vista que a prevenção através de contraceptivos antes e/ou durante a relação sexual são muito mais eficazes”, explica Aureliano.

Divulgação

Paulo Henrique Aureliano é médico ginecologista e obstetra - Divulgação

Qual o prazo para tomar a pílula para que ela faça efeito?

“As mulheres devem tomar a pílula o mais rápido possível após a relação sexual desprotegida. A eficácia é maior quando a pílula é tomada nas primeiras 24 h, após o ato sexual, podendo ser feito o uso até 72 h depois do sexo. Alguns estudos mostram eficácia em até 5 dias após a relação sexual, porém com percentual bem menor”, detalha o médico.

Coordenadora do setor de Ginecologia do Hospital Agamenon Magalhães (HAM), Renata Sivini explica que o medicamento é vendido de duas maneiras. “Em dose única ou em dois comprimidos. A indicação, no caso dos dois comprimidos, é aguardar 12 horas após a ingestão do primeiro para tomar o segundo”, afirma a ginecologista e obstetra. A pílula não deve ser tomada por mulheres grávidas.

Fernanda Santuzzi

Renata Sivini, coordenadora do setor de Ginecologia do Hospital Agamenon Magalhães (HAM) - Fernanda Santuzzi

"Posso tomar quantas pílulas do dia seguinte por mês?"

Os médicos ouvidos pela reportagem reforçam que o consumo da pílula do dia seguinte não deve ser corriqueiro, mas apenas em casos emergenciais.

“A contracepção de emergência é um medicamento com doses hormonais e, portanto, pode ter alguns efeitos colaterais de acordo com a reação de cada organismo após a ingestão”, diz Renata Sivini.

De acordo com a médica, entre os efeitos colaterais mais comuns estão vômitos, diarreia, náuseas, cansaço e dor de cabeça. “A pílula também pode causar alterações no ciclo menstrual, levando a pequenos sangramentos, adiantamentos ou atrasos na menstruação”, alerta Renata.

Paulo Henrique Aureliano reforça. “A cada vez que a pílula é tomada, ocorrem mais chances de efeitos colaterais e alterações na menstruação. Vale ressaltar que esse método não deve ser rotineiro, deve ser excepcional. Tipo um alerta para que a mulher procure um ginecologista e inicie uma método anticoncepcional preventivo mais eficaz ou ajuste o que já utilizava e não funcionou”.

Como saber se a pílula do dia seguinte funcionou?

“A única forma de se saber é esperando o próximo ciclo menstrual. Se houver menstruação (lembrando que é possível que o medicamento cause atrasos), então a pílula funcionou. Caso a menstruação não desça, recomenda-se que a mulher faça um teste de gravidez cerca de 5 a 7 dias após ter feito uso do medicamento”, responde Renata Sivini.

Existe algum tipo de alimento ou droga que corta o efeito da pílula?

“Nenhum alimento corta o efeito. Algumas medicações como antibióticos, anti-retrovirais, medicações para tratamento de doenças neurológicas ou psiquiátricas podem diminuir a eficácia do método, mas não se deve deixar de tomar a pílula por isso”, finaliza Paulo Henrique Aureliano.

A reportagem foi feita após consulta com os médicos:

  • Paulo Henrique Aureliano (CRM-PE 24255), médico pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo IMIP, Fellowship em Uroginecologia pelo IMIP, Fellowship em Uroginecologia pelo IMIP, Preceptor da Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia no setor de Urgência/Emergência Obstétrica e Sala de Parto do Hospital da Mulher do Recife, e
  • Renata Sivini (CRM-PE 21287), ginecologista e obstetra, coordenadora do setor de Ginecologia do Hospital Agamenon Magalhães (HAM). Ela é sócia-fundadora do Grupo Florescer, com especialização em Endoscopia Ginecológica (histeroscopia e videolaparoscopia) e formação no método Gasguet.

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