Ataque cardíaco

Infarto é a maior causa de mortes no Brasil; médico explica sintomas e alerta que atendimento rápido pode salvar vida do paciente

Em caso de infarto, quanto mais rápida a chegada ao pronto socorro, menores as chances de mais complicações; veja quais os sintomas de um ataque cardíaco

Imagem do autor
Cadastrado por

Gabriel dos Santos

Publicado em 07/12/2023 às 11:39 | Atualizado em 07/12/2023 às 11:54
Notícia
X

Urgente. Essa é a palavra de ordem para a busca de um atendimento médico para pessoas com sintomas de infarto, que é a maior causa de mortes no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com os médicos, o atendimento rápido é fundamental para interromper o problema e reduzir as chances de complicações.

“É fundamental procurar ajuda médica imediatamente se você ou alguém ao seu redor apresentar sintomas sugestivos de infarto. O pronto atendimento é crucial para limitar os danos ao coração. Não ignore ou subestime os sinais, mesmo que você não tenha certeza se são causados por um infarto. Se você suspeitar de um infarto, ligue para os serviços de emergência (como o número de emergência 192 no Brasil) ou vá imediatamente ao pronto-socorro. O tempo é um fator crítico na sobrevivência e recuperação após um infarto, e o atendimento médico rápido pode salvar vidas e reduzir complicações”, destaca o médico Carlos Japhet, gestor do setor de Cardiologia do Hospital Santa Joana, no Recife.

SINTOMAS DO INFARTO

O cardiologista explica que os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, sendo mais intenso em alguns indivíduos, mas os sinais mais comuns são:

  • Dor ou Desconforto no Peito: Pode ser uma sensação de aperto, pressão, queimação ou dor no centro ou no lado esquerdo do peito. Essa dor pode se irradiar para o braço esquerdo, mandíbula, costas ou pescoço.
  • Falta de Ar: A pessoa pode sentir dificuldade em respirar ou ter uma sensação de opressão no peito.
  • Sudorese: Sudorese fria e pegajosa, muitas vezes associada a uma sensação de mal-estar.
  • Náusea e Vômitos: Algumas pessoas podem sentir náusea ou vomitar durante um infarto.
  • Fraqueza: Fraqueza geral, tontura ou sensação de desmaio.
  • Ansiedade ou Medo: Uma sensação de ansiedade intensa ou medo inexplicável.

“O processo de um infarto pode variar, mas, em geral, os sintomas muitas vezes se desenvolvem de forma rápida e intensa. Nem todos os infartos seguem um padrão gradual; algumas pessoas podem experimentar um início súbito e agudo dos sintomas”, explica Japhet, indicando a importância de que, em caso de dúvidas, um médico seja procurado.

Sintomas de infarto podem ser menos intensos em mulheres; idosos podem apresentar confusão mental

O médico explica que é comum que homens demonstrem uma dor mais intensa ao sofrer um infarto. “Nas mulheres, a dor no peito pode ser menos típica e mais sutil, muitas vezes descrita como desconforto, aperto, pressão ou queimação”, comenta Carlos Japhet.

Os sinais também podem variar de acordo com a idade do paciente. “Os idosos podem apresentar sintomas menos típicos, como confusão mental ou fadiga extrema”, diz o médico. “Em pessoas mais jovens, especialmente mulheres, os sintomas podem ser menos reconhecíveis como um infarto. Podem incluir dor no peito leve, desconforto nas costas ou sintomas que são facilmente atribuídos a outras causas”, alerta.

Causas do infarto

  • Antes de continuar lendo esta reportagem, se você está, neste momento, com suspeita de infarto em você ou alguém perto, vá imediatamente ao pronto socorro ou ligue 192 e acione o SAMU. Se for um infarto, as causas podem ser descobertas depois, mas o atendimento tem de ser imediato.

Dados do  Instituto Nacional de Cardiologia (INC) mostram que em 2022 a média mensal de homens internados por infarto no Brasil foi de 13.645 pacientes, uma alta de 158%, em relação a 2008. Entre as mulheres, o aumento no mesmo período foi de 157% internações por mês, passando de 1.930 para 4.973. O Ministério da Saúde estima que a cada 5 a 7 casos de infarto, ocorra uma morte.

Vários fatores podem estar associados à ocorrência de um infarto. “É geralmente causado pela obstrução de uma ou mais artérias coronárias, responsáveis por fornecer sangue rico em oxigênio ao músculo cardíaco. Essa obstrução ocorre devido à formação de placas de aterosclerose, que são depósitos de gordura, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias”, resume o cardiologista do Hospital Santa Joana.

O médico elenca as principais causas e fatores de risco associados ao infarto:

Aterosclerose: O acúmulo de placas de aterosclerose nas artérias coronárias é a causa mais comum de infarto. Essas placas podem romper, formar coágulos sanguíneos e obstruir o fluxo sanguíneo.

Hipertensão Arterial: A pressão arterial elevada pode danificar as artérias ao longo do tempo, aumentando o risco de aterosclerose e infarto.

Colesterol Elevado: Níveis elevados de colesterol LDL ("mau" colesterol) estão associados ao aumento do risco de formação de placas de aterosclerose.

Tabagismo: O tabagismo é um importante fator de risco para infarto, pois as substâncias químicas presentes no cigarro danificam as artérias e promovem a formação de placas.

Diabetes: A diabetes está associada a alterações metabólicas que podem acelerar o desenvolvimento de aterosclerose.

Obesidade: O excesso de peso corporal, especialmente quando associado a um estilo de vida sedentário, aumenta o risco de infarto.

Idade: O risco de infarto aumenta com a idade, sendo mais comum em pessoas mais velhas.

Histórico Familiar: Ter familiares de primeiro grau (pais, irmãos) com história de doença cardíaca aumenta o risco.

Gênero: Os homens geralmente têm um risco maior de infarto do que as mulheres, especialmente em idades mais jovens.

Estresse: O estresse crônico pode contribuir para a doença cardíaca.

Inatividade Física: A falta de atividade física está associada a vários fatores de risco cardiovascular.

Consumo Excessivo de Álcool: O consumo excessivo de álcool pode aumentar a pressão arterial e contribuir para outros fatores de risco.

“É importante notar que esses fatores de risco muitas vezes interagem entre si, aumentando ainda mais a probabilidade de desenvolvimento de doenças cardíacas”, comenta Carlos Japhet.

Divulgação

Cardiologista Carlos Japhet, do Hospital Santa Joana, no Recife - Divulgação

Como se prevenir contra o infarto?

“A prevenção contra o infarto e outros problemas cardíacos é fundamental para promover a saúde cardiovascular. Isso envolve a adoção de um estilo de vida saudável, que inclui hábitos alimentares equilibrados, atividade física regular e a gestão de fatores de risco”, explica o médico, chamando atenção para algumas diretrizes:

Alimentação Saudável

“Priorize uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis. Reduza o consumo de alimentos processados, ricos em gorduras saturadas, colesterol e sódio”, recomenda o especialista.

Controle do Peso

“Mantenha um peso saudável, pois o excesso de peso está associado a um maior risco de doença cardíaca”, orienta Japhet.

Controle da Pressão Arterial e Colesterol

“Opte por alimentos que ajudem a controlar a pressão arterial, como alimentos ricos em potássio (frutas, vegetais) e reduza o consumo de sódio. Escolha gorduras saudáveis, como aquelas encontradas em abacates, nozes e peixes ricos em ácidos graxos ômega-3”, sugere o cardiologista, acrescentando: “Se consumir álcool, faça-o com moderação”.

Atividade Física Regular:

“Pratique atividades aeróbicas, como caminhada, corrida, natação ou ciclismo, por pelo menos 150 minutos por semana” e “inclua exercícios de treinamento de força pelo menos duas vezes por semana, visando todos os principais grupos musculares”, afirma.

Além disso, “envolva-se em atividades físicas no dia a dia, como subir escadas, caminhar mais e reduzir o tempo sedentário”.

Outras Medidas de Prevenção:

  • Não Fumar: “Abandone o tabagismo, pois o tabaco é um importante fator de risco para doenças cardíacas”, destaca o cardiologista.
  • Controle do Estresse: “Adote técnicas de gestão do estresse, como meditação, yoga ou outras atividades relaxantes”.
  • Monitoramento Regular da Saúde: “Realize exames de saúde regulares para monitorar pressão arterial, colesterol, glicose e outros fatores de risco”.
  • Avaliação Genética: “Converse com seu Médico sobre seu histórico familiar para entender possíveis fatores de risco genéticos”.
  • Uso de Medicação: “Se você tem condições médicas que requerem medicação, siga rigorosamente as orientações do seu médico. Lembre-se, a prevenção é um esforço contínuo e personalizado”.

A reportagem foi feita após consulta ao médico Carlos Japhet da Matta Albuquerque (CRM-PE: 8945 / RQE 6125). Ele é Cardiologista e Gestor da Cardiologia do Hospital Santa Joana Recife – Americas – UHG.

Tags

Autor