CULTO

Mulher cadeirante chora ao relatar falta de acessibilidade em igreja: 'Passei o culto chorando. Cadê o respeito?'

Jovem disse ter tido que reivindicar por seu direito de sentar nas fileiras mais próximas ao altar

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 29/04/2022 às 7:04 | Atualizado em 29/04/2022 às 7:14
Notícia
Reprodução/Instagram/Divulgação
Rayssa não conteve as lágrimas ao contar o que passou - FOTO: Reprodução/Instagram/Divulgação

Uma enfermeira identificada por Rayssa Guimarães, de 24 anos, relatou em seu perfil no Instagram as dificuldades vivenciadas por ela assistir a um culto na na matriz da Igreja Batista da Lagoinha, na noite da última terça-feira (26).

Segundo informações do portal Metropóles, a jovem, que é enfermeira de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, perdeu as duas pernas em um grave acidente há dois anos e, desde então, se locomove com a ajuda de uma cadeira de rodas.

Pelo Instagram, a jovem disse ter tido que reivindicar por seu direito de sentar nas fileiras mais próximas ao altar e, assim, conseguir assistir à celebração.

“Eu passei o culto inteiro chorando, mas não foi por causa de mim não, sabe? Eu não deixo de sair de casa, não deixo de fazer nada, eu luto pra sentar na frente, porque é direito meu. Mas o tanto de mensagem que eu recebi, as pessoas falando que deixam de sair de casa, que sentem que não cabem nos lugares… é um absurdo”, disse.

"Cadê o respeito?"

Pelos stories, Rayssa não conteve as lágrimas ao contar o que passou.

“Os bancos da frente são todos reservados para pastores. Eu penso: cadê o respeito com a pessoa que é deficiente? Lá são fileiras de quatro bancos em cada, mais ou menos. Eles poderiam deixar algumas fileiras com banco removível, caso algum cadeirante queira assistir o culto. A gente tem o direito de participar igual todas as outras pessoas”, contou.

Ela disse que os outros dois andares são de escada e não tem elevador. Além disso, a entrada não tem rampa, o que também dificultou seu acesso ao local. Apesar disso, a jovem garante que não vai deixar de frequentar a igreja.

Eu vou lá em quantos cultos forem precisos, até que eles mudem a logística e tornem o lugar mais acessível”, afirmou.

Em nota, a igreja lamentou pelo ocorrido e disse que vai investigar o tratamento recebido pela fiel.

Nota da Igreja Batista da Lagoinha na íntegra

A Igreja Batista da Lagoinha lamenta profundamente o ocorrido na última terça-feira (26) com Rayssa Guimarães durante o Culto Fé. Pedimos públicas desculpas e informamos que as orientações recebidas pela mesma durante a celebração não são direcionamentos oficiais da instituição. Iniciamos o processo de apuração do caso para que o episódio não se repita. Não é essa a nossa diretriz e desconhecemos esse tipo de atitude entre nossos voluntários e obreiros.

O prédio em que a igreja está localizada é uma construção de mais de 30 anos e, desde o início, cada nova determinação constitucional quanto aos critérios de acessibilidade é implementada.

A Igreja Batista da Lagoinha preza pelo acesso global à palavra de Deus, seja presencialmente ou virtualmente. Para tanto, fomos uma das primeiras igrejas do Brasil a instituir a tradução simultânea em libras durante os cultos. Há 12 anos, temos em funcionamento o ministério Obra Prima, que é um centro de apoio a famílias com filhos que possuem algum tipo de deficiência, dando suporte irrestrito, acompanhamento psicológico e atividades de lazer. O mesmo acontece com dezenas de outras ações de acordo com cada necessidade de nossos membros e de toda a sociedade. Em todas as reuniões ou eventos da igreja temos equipes treinadas para atendimentos específicos, como para idosos ou pessoas com distúrbios mentais e/ou emocionais, por exemplo. Nos importamos e valorizamos cada membro ou visitante, de forma a nos adequarmos constantemente para que todos sejam recebidos da melhor maneira possível.

Como igreja, estamos diariamente, durante 24h, em ininterrupto funcionamento para atendermos a todos. Dessa forma, consideramos inadmissível o tratamento relatado por Rayssa e reiteramos nosso pedido de desculpas à ela e sua família. Desejamos continuar recebendo-a em nossa casa, prezando pelo real motivo da nossa existência: o amor por pessoas.

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