Denúncia

MP denuncia família e pai de santo por morte de criança em ritual de evocação e incorporação de espíritos; SAIBA DETALHES

Ao todo, seis pessoas foram denunciadas por homicídio triplamente qualificado. Os seis denunciados, durante um ritual, banharam uma criança com álcool, de acordo com as investigações

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 16/06/2022 às 8:10 | Atualizado em 16/06/2022 às 8:11
Notícia
Reprodução/Redes Sociais
O ritual causou queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau, por quase todo o corpo da vítima. - FOTO: Reprodução/Redes Sociais

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou seis pessoas por homicídio triplamente qualificado pela morte de uma criança identificada por Maria Fernanda Camargo, 5 anos.

De acordo com informações do portal Isto É, a menina faleceu no dia 23 de março deste ano após sofrer queimaduras por todo o corpo durante um ritual espiritual do qual participaram a mãe, tia, avô e avó da menina, além de um suposto “pai de santo” e um assistente.

Os seis denunciados, durante um ritual, banharam uma criança com álcool, de acordo com as investigações. O suposto “pai de santo”, ao acender uma vela e passá-la pelo corpo da vítima teria provocado a combustão.

O ritual causou queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau, por quase todo o corpo da vítima. Houve ainda queimaduras das vias aéreas, o que causou a morte da menina, conforme laudo de necrópsia.

Ainda segundo a denúncia, após o ritual, os denunciados fizeram diversas modificações na cena do crime. Eles se reuniram e ocultaram os instrumentos utilizados, simulando a versão de acidente doméstico durante um possível churrasco, demorando, inclusive, no socorro à vítima.

Para a promotoria, os familiares, que tinham o dever legal de evitar o perigo, auxiliaram materialmente no ato que banhou a criança com álcool e resultou na morte da menina.

A denúncia destaca ainda que os familiares da menina possuíam livros de bruxaria, o que demonstra que os atos praticados eram de conhecimento de todos.

PRISÃO

O suposto “pai de santo” e três parentes da vítima estão presos cautelarmente em Frutal (MG) e Uberaba (MG). Ao avô foi concedida liberdade provisória mediante a fixação de cautelares em razão da idade.

O MPMG pediu ainda a prisão preventiva do assistente do suposto “pai de santo”, cuja participação na morte da menina só foi descoberta posteriormente. O pedido feito à Justiça ainda não foi analisado.

ADVOGADO DA FAMÍLIA ALEGA ACIDENTE

Em abril, o advogado José Rodrigo de Almeida, representante da família de Maria Fernanda, afirmou que a morte foi acidental. Ele alegou que os parentes não tinham a intenção de machucá-la.

“Ritual de invocação de espírito maligno, sacrifício humano, nada disso aconteceu. O que aconteceu foi o seguinte: em 2021, no ápice da pandemia, o tio e a tia da criança estavam intubados no hospital com Covid. Alguém na cidade falou que esse homem podia fazer um trabalho espiritual de cura. Eles realmente melhoraram depois e atribuíram a melhora ao trabalho”, disse o José Rodrigo, que, para ele, a família é vítima de preconceito religioso.

Por conta disso, os familiares resolveram levar Maria Fernanda ao líder espiritual depois de ela desenvolver uma gripe persistente, com febre, tosse e dor de garganta. O ritual aconteceu na casa dos avós da menina.

O advogado contou que o líder espiritual, no primeiro momento, realizou a benção combinada. Depois, ele teria incorporado uma outra entidade e pediu uma bacia com álcool e ervas para realizar a cura.

“Quando ele passou o álcool na cabeça da menina, a mãe disse: álcool não!”. Para o advogado, a família fez o possível para proteger a criança.

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