Doença da urina preta

SÍNDROME DE HAFF: tire suas dúvidas sobre 'doença da urina preta', que pode ter causado morte de veterinária no Recife

A veterinária Priscyla Andrade, de 31 anos, morreu em um hospital do Recife, com suspeita de Síndrome de Haff, conhecida como a doença da urina preta, após comer peixe

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 04/03/2021 às 7:02 | Atualizado em 20/01/2023 às 9:52
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Dois casos da doença de Haff foram identificados em fevereiro, em Pernambuco. A síndrome é chamada popularmente de “doença da urina preta”.

Causa da doença de Haff

A doença é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes e crustáceos. A substância gera danos no sistema muscular e em órgãos, como rins.

Ela se constitui em um tipo de rabdomiólise, nome dado para designar uma síndrome que gera a destruição de fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro das fibras (como eletrólitos, mioglobinas e proteínas) no sangue.

Nome da doença da urina preta

O nome foi dado em razão da descoberta da doença em um lago chamado Frisches Haff, na região de Koningsberg em 1924.

O território, à beira do Mar Báltico, pertencia à Alemanha, mas foi incorporado à Rússia posteriormente, constituindo um enclave entre a Polônia e a Lituânia.

Sintomas da doença de Haff

A doença de Haff gera uma rigidez muscular.

Além disso, frequentemente ocorre como consequência o aparecimento de uma urina escura em função da insuficiência renal, razão pela qual essa expressão é utilizada para se referir à enfermidade.

Todo peixe tem toxina?

Em artigo sobre a doença, médicos do Hospital São Lucas Copacabana explicam que ainda não houve confirmação sobre a natureza da toxina constante nos peixes cuja ingestão provocou a doença.

Em alguns livros, ela está associada ao envenenamento por arsênico.

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A dificuldade está no fato de que a toxina não tem nem gosto nem cheiro específicos, o que torna mais complexa a sua percepção. Ela também não é eliminada pelo processo de cocção do peixe.

Nos relatos registrados ao longo dos anos, pessoas acometidas da doença ingeriram diferentes tipos de peixe, como salmão, pacu-manteiga, pirapitinga, tambaqui, e de diversas famílias, como Cambaridae e Parastacidae.

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Assim como nos casos registrados em Pernambuco, outros casos da doença registrados por estudos se manifestaram por meio de dores abdominais, poucas horas após a ingestão de peixes que estavam com a toxina.

Morte no Recife pela doença de Haff

Na terça-feira (2), a veterinária Priscyla Andrade, de 31 anos, morreu em um hospital do Recife, com suspeita de Síndrome de Haff, a 'doença da urina preta'.

A irmã da profissional, Flávia Andrade, também foi internada no hospital da capital pernambucana, mas se recuperou e já está em casa.

As duas comeram um peixe da espécie arabaiana, conhecido como “olho de boi”.