Caso Tamarineira

Caso Tamarineira: Julgamento chega ao segundo dia; veja como foi e últimas notícias do caso

De acordo com a promotora Eliane Gaia, as testemunhas são médicos psiquiatras convocados para depor a respeito da tese levantada pelos advogados do acusado no que diz respeito a dependência química de João Vitor Ribeiro.

Catêrine Costa
Catêrine Costa
Publicado em 16/03/2022 às 16:58 | Atualizado em 18/03/2022 às 10:57
Notícia
Foto: Alcides Junior
Segundo dia de julgamento de João Victor Ribeiro de Oliveira, acusado de provocar um acidente que deixou três pessoas mortas, entre as vítimas uma criança, em 27 de setembro de 2017 no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife. - FOTO: Foto: Alcides Junior

Desde a última terça-feira (15) ocorre o julgamento de João Victor Ribeiro de Oliveira, acusado de provocar um acidente que deixou três pessoas mortas, entre as vítimas uma criança, em 26 de setembro de 2017 no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife.

O segundo dia do júri popular começou às 9h30. A juíza Fernanda Carvalho iniciou a sessão ouvindo as duas últimas pessoas arroladas pela defesa do réu. De acordo com a promotora Eliane Gaia, as testemunhas são médicos psiquiatras convocados para depor a respeito da tese levantada pelos advogados do acusado no que diz respeito a dependência química de João Vitor Ribeiro.

"São psiquiatras contratados pela defesa do réu para falar sobre a sanidade ou a insanidade do réu", afirmou.

Miguel Mota

O advogado e vítima do crime, Miguel Motta, chegou ao fórum sozinho e preferiu não levar a filha Marcela. Ele avaliou o andamento do júri e comentou sobre a defesa do acusado. "Eu sinto muita pena de algumas pessoas que vieram para cá para mentir", falou.

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Mãe do réu

A mãe do réu foi acompanhada da filha e de uma irmã. Elas chegaram antes do início da sessão. Emocionada, a aposentada Ana Patricia Moreira Ribeiro falou sobre o comportamento e a conduta do filho. Ela também citou que, desde a adolescência, João Vitor Ribeiro já fazia uso de drogas.

"Meu filho, ele, não provocou. Ele não tinha consciência, ele não saiu de casa com a intenção de matar ninguém. Foi um acidente", falou a mãe. 

Primeiro dia de julgamento

A sessão no primeiro dia foi tensa e bastante acalorada. Por diversas vezes ao longo dos testemunhos, nessa terça-feira (15), a juíza Fernanda Moura de Carvalho, que presidiu a sessão na 1ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Rodolfo Aureliano, teve de intervir e pedir ordem aos que insistiam em se manifestar na plateia.

O próprio réu, em determinado momento da sessão, precisou ser contido por policiais ao entrar em desespero durante o depoimento da vítima (Miguel Arruda da Motta Silveira Filho). "Eu não queria fazer isso, me perdoe, me mate, me mate, eu não queria machucar a sua família, me perdoe por favor", gritou João Victor.

Acusação

Responsável pela colisão, no cruzamento da Rua Cônego Barata com a Estrada do Arraial, no bairro da Tamarineira, João Victor Ribeiro de Oliveira, 29, está preso desde 2017. O réu é acusado por triplo homicídio doloso duplamente qualificado e por dupla tentativa de homicídio. A perícia do Instituto de Criminalística revelou que João Victor trafegava a uma velocidade de 108 km/h.

O máximo permitido na via, entretanto, era de 60 km/h. Ele ainda avançou o sinal vermelho. O teste de alcoolemia realizado no motorista registrou nível de 1,03 miligrama de álcool por litro de ar, três vezes superior ao limite permitido por lei.

No acidente, Miguel Arruda da Motta Silveira Filho perdeu a esposa, Maria Emília Guimarães da Mota Silveira, o filho, Miguel Arruda da Mota Silveira Neto, e a babá das crianças, Roseane Maria de Brito Souza, que estava grávida.

Além disso, a filha de Miguel, Marcela Arruda da Mota Silveira, ficou com sequelas devido ao trágico acidente. 

Pai do réu

Em entrevista para a equipe de reportagem da TV JC no ano de 2017, o pai do acusado falou de tudo que aconteceu no dia da colisão, sobre como João Vitor era com a família e da relação que o jovem tinha com as drogas. "Meu filho não é a pessoa que está se pintando por aí. Ele é um menino de 25 anos, normal igual a qualquer um, que se envolveu em drogas e se tratou", revelou o pai.

Na época, o homem admitiu que o filho errou, mas que não foi de forma intencional. "Ele não fez por querer em nenhum minuto. Meu filho é uma pessoa espetacular. Caridoso, inteligente, cheio de vida. É incapaz de fazer mal a qualquer pessoa", disse o pai emocionado, que acrescentou garantir que, se o filho pudesse, o filho morreria no lugar da família.

O dia do acidente

O pai de João Vitor que contou que era domingo e ele estava em casa, O filho pegou o carro, sem o avisar, e saiu. "Eu sabia que ele tinha saído, mas não que ele tinha vindo em casa e pego o carro", afirmou.

Horas depois, o pai recebeu uma ligação da mãe de João Vitor dizendo que havia sido informada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) que o filho havia se envolvido em um acidente e estava sendo levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Caxangá, na Zona Oeste do Recife.

Após se dirigir a unidade de saúde, o pai conta que se deparou com o filho em uma cadeira de rodas algemado. "Ele vinha na cadeira de rodas, o policial já havia algemado ele, e ele vinha de cabeça baixa como se não estivesse ali. Quando ele me viu ele me chamou, me abraçou e eu pedi que ele tivesse calma", contou.

Envolvimento com drogas

De acordo com o pai, João Victor Ribeiro de Oliveira foi internado duas vezes devido o uso de drogas. A primeira vez foi em 2014, a pedido dele mesmo. O jovem passou seis meses em uma clínica de reabilitação.

A segunda internação foi em 2016. "Passou a ter assistência do psicólogo, tendo duas sessões por semana. Teve uma consulta com o psiquiatra e passou a se medicar", contou.

O homem também revelou que a família sempre tentou ajudar João Vitor. "A gente sempre esteve junto acompanhando as reações, as amizades, pois droga hoje tem em todo lugar, em toda esquina", disse.

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