Oximetolona

Oximetolona: Conheça os riscos do uso desse anabolizante quando usado para ganho de massa muscular

Oximetolona foi desenvolvida para tratar anemias, mas está sendo usada - indevidamente - por quem quer ter corpo sarado

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Gabriel dos Santos

Publicado em 28/11/2023 às 12:44 | Atualizado em 28/11/2023 às 12:48
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Oximetolona é o nome de um anabolizante que está se popularizando entre homens e mulheres que buscam ganho rápido de massa muscular. Os médicos chamam atenção, entretanto, que o hormônio foi desenvolvido para tratar anemias e, quando usado para fins estéticos, pode causar diversos danos à saúde.

"A Oximetolona é um esteróide anabolizante que aumenta efetivamente a produção renal de eritropoetina, um hormônio capaz de estimular a produção das hemácias. Portanto, foi desenvolvida para tratar anemias causadas por doenças que interferem com a produção das hemácias na medula óssea como a anemia aplásica e a mielofibrose", explica a médica Danielle Seabra, que é especialista em Nutrologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, mestre pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e tutora da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS).

"Por se tratar de anabolizante pode causar todos os efeitos adversos dessa classe, como alteração do perfil lipídico, hirsutismo, acne, virilização em mulheres (aumento do clitóris)", diz Danielle.

"Além disso, a oximetolona é um derivado alfa-alquilado da testosterona, assim pode ser administrada por via oral e será metabolizada pelo fígado com grande potencial de causar hepatotoxicidade, principal efeito adverso, por isso seu uso, quando indicado por um médico, deverá ser feito com acompanhamento regular da função do fígado", acrescenta a especialista. 

RISCOS DOS ANABOLIZANTES

Além da oximetolona, existem vários outros tipos de anabolizantes - todos apresentam riscos para a saúde. “Os riscos variam de acordo com a substância utilizada, a dose cumulativa e o tempo de uso, envolvendo desde alterações reversíveis como acne, distúrbios psicológicos, disfunção sexual e distúrbios específicos do sexo (ginecomastia e infertilidade em homens e virilização em mulheres), até efeitos graves e potencialmente fatais como doenças cardiovasculares”, comenta Daniella.

RISCOS PARA OS HOMENS

“Nos homens, essas substâncias acabam por reduzir a produção natural de testosterona. Os anabolizantes sinalizam para a hipófise (glândula considerada o maestro da orquestra hormonal do corpo) que não há necessidade de estimular a produção testicular de testosterona endógena pois já há androgênios circulantes suficientes, e assim o uso de esteróides anabolizantes culmina com atrofia testicular e infertilidade, que podem ser revertidas com a suspensão do uso por um período variável de meses a anos, ou até resultar em infertilidade permanente”, detalha Daniella Seabra.

A médica alerta que o uso de anabolizantes em homens pode provocar ainda um efeito contrário ao desejado pelos usuários. “Os homens podem transformar parte dos anabolizantes em estrogênios, isto é, hormônios femininos, num processo chamado de aromatização, e justamente através dessa conversão podem apresentar crescimento do tecido mamário, a ginecomastia”, comenta a especialista.

E EM MULHERES?

“Já nas mulheres, os efeitos específicos dos anabolizantes envolvem justamente o potencial androgênico da droga que está sendo utilizada, podendo aparecer as características corporais tipicamente masculinas como a queda de cabelo nas têmporas, padrão de calvície ou o surgimento de pelos na face e região peitoral, o que denominamos hisurtismo", exemplifica.

"Além dessas alterações citadas que costumam ser reversíveis, podem ocorrer mudanças irreversíveis na voz e crescimento do clitóris (virilização)”, elenca a médica, acrescentando que algumas usuárias também podem sofrer mudanças nos ciclos menstruais, “podendo contribuir para ciclos anovulatórios, e portanto, reduzindo a fertilidade”.

Em homens e mulheres, o uso de anabolizantes também pode provocar “alterações no perfil lipídico com redução dos níveis de HDL-colesterol e aumento dos níveis de LDL-colesterol, tornando o usuário mais suscetível a eventos aterogênicos tromboembólicos como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral”, diz a médica.

 

Risco para o fígado

O uso de anabolizantes também pode comprometer as funções do fígado, especialmente aqueles que são administrados via oral, já que tornam o metabolismo hepático mais lento.
“A hepatotoxicidade pode ocorrer de maneira transitória com elevação de marcadores como as trasaminases, mas também podem ocorrer aumento do volume hepático e até formas mais graves como síndrome colestática aguda, a peliose hepática e tumores hepáticos”, explica a nutróloga, afirmando ainda que “o uso prolongado e altas doses de anabolizantes injetáveis também podem causar danos hepáticos”.

 

 

A reportagem foi feita após consulta à médica Danielle Seabra (CRM-PE 16600) Ela é pós-graduada em Nutrologia pelo Hospital Albert Einstein, mestre em Saúde da Conjunção Humana pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e tutora da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS). 

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