Mudança climática pode fazer meu nariz sangrar? O que fazer em caso de sangramento nasal? Otorrino tira dúvidas
Sangramento nasal pode ter várias causas, incluindo mudanças climáticas
O sangramento nasal pode ter várias causas. Em geral, não devem inspirar grandes preocupações, mas a orientação de um médico otorrinolaringologista é sempre recomendável, a fim de esclarecer os motivos e proceder com orientações, a fim de prevenir a recorrência do sangramento.
De acordo com a médica Bárbara Salgueiro, otorrinolaringologista na Upae da Mustardinha, no Recife, mudanças climáticas também podem provocar sangramentos no nariz.
"O clima pode influenciar os sangramentos nasais! O ar frio e seco pode causar o ressecamento da mucosa do nariz e levar à ocorrência de sangramentos. Indiretamente, a mudança climática também pode atacar alguns tipos de rinite e provocar sangramento. Uma dica valiosa é manter o nariz sempre hidratado, realizando irrigações com solução fisiológica”, recomenda a especialista.
“A maior parte dos sangramentos é causada por fatores locais (do próprio nariz). O principal motivo é o trauma — ferimento ocasionado pelo hábito de manipular o nariz com o dedo, hastes flexíveis ou outros objetos -, mas infecções respiratórias (gripes, resfriados e sinusites), alergias, desvios de septo e outros fatores locais também podem predispor o paciente a sangrar. Outras causas menos comuns são o uso de medicamentos, pressão alta, doenças crônicas do fígado e dos rins, e alguns tumores nasais”, esclarece a médica.
Quais são os fatores de risco associados ao sangramento nasal recorrente?
“Além dos fatores locais já citados, como as rinites, sinusites e desvios de septo, existem algumas condições clínicas que podem favorecer o sangramento. É o caso dos portadores de coagulopatias (distúrbios que levam à dificuldade de estancar os sangramentos), doenças crônicas do fígado e dos rins, alguns cânceres hematológicos (leucemias e linfomas) e dos usuários de medicamentos anticoagulantes. Esses pacientes podem necessitar de uma ou de múltiplas intervenções para controle do sangramento”, responde a otorrinolaringologista.
Como devo me prevenir?
“Esse planejamento deve ser individualizado, de acordo com a causa”, responde a médica. “De forma geral, além de manter o nariz sempre hidratado e evitar a manipulação do nariz, devemos controlar os fatores locais que possam estar causando o sangramento, como as alergias, sinusites e desvios de septo. E para os pacientes que possuem fatores sistêmicos que contribuem para o sangramento, devemos sempre tratar a doença de base, acompanhando com os outros especialistas. Um exemplo importante é o controle da pressão arterial, mas também pode envolver o ajuste correto de medicamentos, dieta adequada e até reposição de fatores de coagulação”,
Doutora, o que fazer quando meu nariz sangrar?
“O primeiro passo é manter a calma e tentar controlar o sangramento: Deve-se posicionar a cabeça ligeiramente inclinada para baixo, para evitar que o sangramento escorra para trás, podendo ir para os pulmões ou trato digestivo. Como 9 em cada 10 sangramentos vem da parte da frente do nariz, pode-se fazer uma compressão nas abas do nariz utilizando polegar e o indicador como uma pinça por alguns minutos [VER VÍDEO ABAIXO]. Aplicar compressa gelada na face também pode ajudar a parar o sangramento por estimular a contração dos vasos sanguíneos”, orienta Bárbara Salgueiro.
Em quais casos devo procurar um médico por causa de sangramento no nariz?
“Se o sangramento não cessar com essas medidas iniciais ou a perda de sangue for muito volumosa, é recomendável procurar a urgência de otorrinolaringologia. Caso o sangramento tenha sido de pequeno volume e autolimitado, a investigação e o tratamento da causa que levou ao sangramento deverão ser feitos em consultório”, esclarece.
Como é feito o tratamento para sangramento nasal?
A médica explica que o tratamento é realizado em duas etapas. “A inicial é o controle do sangramento. Nessa primeira etapa, pode-se lançar mão de medicamentos, cauterização dos vasos sangrantes, tampões nasais e até mesmo cirurgias de urgência. Após controlado o sangramento, o tratamento deve ser direcionado para o fator que o originou”, detalha Bárbara Salgueiro.
A reportagem foi feita após consulta à médica Bárbara Salgueiro (CRM-PE 26906/RQE 13871), otorrinolaringologista, na Upae da Mustardinha, no Recife.
