Cardiologia

Coração palpitando: o que é arritmia cardíaca? Devo me preocupar? Cardiologista tira dúvidas

Arritmia cardíaca pode ser causada por vários fatores; entenda

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Gabriel dos Santos

Publicado em 18/12/2023 às 9:59 | Atualizado em 18/12/2023 às 10:53
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Desde criança, nos acostumamos a identificar o som da batida natural do coração - o perene e harmônico “tum-tum… tum-tum… tum-tum”. Mas, às vezes, por vários motivos possíveis, o ritmo cardíaco pode sofrer alterações, ficando mais lento, mais rápido ou irregular. A medicina chama essas mudanças na batida do coração de “arritmia cardíaca”, uma condição que merece atenção.

De acordo com o médico Carlos Japhet, chefe do departamento de Cardiologia do Hospital Santa Joana, no Recife, os principais sintomas de arritmias são:

  • Palpitações: Sensação de batimentos cardíacos rápidos, fortes ou irregulares.
  • Tontura ou Desmaio: A falta de fluxo sanguíneo adequado para o cérebro pode levar a tontura ou, em casos mais graves, desmaio.
  • Falta de Ar: Dificuldade em respirar, especialmente durante atividades físicas ou mesmo em repouso.
  • Dor no Peito: Em alguns casos, a arritmia pode estar associada a dor no peito ou desconforto.
  • Fraqueza ou Fadiga: A redução da eficiência do bombeamento sanguíneo pode causar fadiga ou fraqueza.
  • Sensação de Batimentos Irregulares: Algumas pessoas relatam uma sensação de que o coração está pulando uma batida ou batendo de maneira irregular.

“É importante notar que algumas arritmias podem ser assintomáticas e serem detectadas apenas por meio de exames médicos, como um eletrocardiograma realizado durante uma consulta médica de rotina”, comenta o médico.

Divulgação

Cardiologista Carlos Japhet, do Hospital Santa Joana, no Recife - Divulgação

“A arritmia é perigosa? Quando se deve procurar o médico?”

“A arritmia pode variar em gravidade, e nem todas as arritmias são perigosas. Algumas arritmias são benignas e não representam uma ameaça significativa à saúde, enquanto outras podem ser mais sérias e requerem tratamento. É importante buscar avaliação médica se você estiver experimentando palpitações ou outros sintomas relacionados à arritmia”, responde Japhet.

O médico alerta para algumas situações na qual é aconselhável a procura de um médico:

“Se você experimentar palpitações com frequência ou se tornarem persistentes”, por exemplo. “Se as palpitações estiverem associadas a outros sintomas, como dor no peito, falta de ar, tontura ou desmaio, é importante buscar atendimento médico imediatamente”, alerta Carlos Japhet.

O cardiologista acrescenta que em caso de idosos e de pessoas com fatores de risco “como histórico familiar de problemas cardíacos, hipertensão arterial, diabetes ou outras condições, a avaliação cardiológica pode ser indicada mesmo na ausência de sintomas”.

É possível se prevenir contra uma arritmia cardíaca?

“Embora nem todas as arritmias possam ser prevenidas, existem medidas que podem reduzir o risco de desenvolver certos tipos de arritmias cardíacas, como adotar uma dieta balanceada, controlar o peso corporal, manter uma rotina de atividades físicas, controlar a pressão arterial e o colesterol, não fumar e consumir álcool moderadamente”, orienta o médico cardiologista.

O médico também chama atenção para a importância de gerir bem o estresse cotidiano. “Práticas de gestão do estresse, como meditação, yoga ou exercícios de relaxamento, podem ser benéficas para a saúde cardiovascular”, diz o especialista.

Japhet acrescenta que pacientes com condições médicas subjacentes, como diabetes e distúrbios na tireoide, também devem manter os controles das taxas.

As pessoas também devem “evitar o uso excessivo de substâncias estimulantes, como certos medicamentos de venda livre e drogas recreativas” e fazer “exames de rotina e consultas regulares, especialmente se houver fatores de risco, são importantes para detectar precocemente quaisquer problemas cardíacos”.

O que causa as arritmias cardíacas?

Segundo Carlos Japhet, entre as principais causas de arritmias cardíacas, estão:

- Doenças Cardíacas Estruturais (Doenças que afetam a estrutura do coração, como doença arterial coronariana, cardiomiopatias, valvulopatias e defeitos cardíacos congênitos);

- Doença Arterial Coronariana (A obstrução das artérias coronárias pode levar à diminuição do suprimento sanguíneo ao músculo cardíaco, contribuindo para arritmias);

- Hipertensão Arterial (A pressão arterial elevada pode sobrecarregar o coração, levando ao desenvolvimento de arritmias);

- Insuficiência Cardíaca (A insuficiência cardíaca pode ser acompanhada de arritmias devido à disfunção do músculo cardíaco);

- Doenças das Válvulas Cardíacas (Problemas nas válvulas cardíacas, como estenose ou insuficiência, podem contribuir para arritmias);

- Doenças do Músculo Cardíaco ou Cardiomiopatias (Condições que afetam a estrutura ou a função do músculo cardíaco);

- Doenças da Tireoide (Distúrbios da tireoide, como hipotireoidismo ou hipertireoidismo, podem afetar o ritmo cardíaco);

- Consumo de Substâncias (O uso excessivo de cafeína, tabaco, álcool ou drogas recreativas pode desencadear arritmias);

- Desordens Metabólicas (Diabetes e outras condições metabólicas podem influenciar o equilíbrio eletrolítico e contribuir para arritmias);

- Idade Avançada (O envelhecimento pode aumentar o risco de arritmias devido ao desgaste natural do sistema cardiovascular) e

- Genética (Algumas arritmias podem ter componentes genéticos, e a predisposição familiar pode desempenhar um papel).

“É importante observar que, em alguns casos, a causa da arritmia pode não ser identificada (arritmias idiopáticas). O diagnóstico e tratamento adequados dependem da identificação da causa específica da arritmia em cada paciente”, salienta Carlos Japhet.

Como é o tratamento contra a arritmia?

“O tratamento para arritmia cardíaca depende do tipo específico de arritmia, da gravidade dos sintomas, das condições de saúde do paciente e de outros fatores individuais. Nem todas as arritmias requerem tratamento, especialmente se forem benignas e não causarem sintomas significativos. No entanto, em casos em que a arritmia é sintomática, recorrente ou associada a riscos para a saúde, o tratamento pode ser necessário”, diz o médico.

O tratamento pode ser feito com:

  • Medicamentos prescritos pelo médico;
  • Cardioversão elétrica: onde uma corrente elétrica é aplicada ao coração para restaurar um ritmo cardíaco normal;
  • Ablação por cateter: um procedimento minimamente invasivo que envolve a aplicação de calor ou frio para destruir áreas do coração responsáveis pela geração de arritmias;
  • Implante de dispositivos: Dispositivos como marcapassos ou desfibriladores cardioversores implantáveis (CDIs) podem ser usados para monitorar e regular o ritmo cardíaco; ou
  • Cirurgia cardíaca: Em casos mais complexos, a cirurgia cardíaca pode ser necessária para corrigir problemas estruturais ou de condução elétrica.

Essa reportagem foi feita após consulta ao médico Carlos Japhet da Matta Albuquerque (CRM 8945 / RQE 6125). Ele é cardiologista e gestor do setor de Cardiologia do Hospital Santa Joana Recife – Americas – UHG.

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