Verão

Como cuidar da pele no verão? Dermatologista orienta sobre proteção contra efeitos nocivos do Sol no período mais quente do ano

Uso de protetor solar é fundamental para evitar queimaduras solares e para proteger contra câncer de pele

Imagem do autor
Cadastrado por

Gabriel dos Santos

Publicado em 02/01/2024 às 14:16 | Atualizado em 02/01/2024 às 14:20
Notícia
X

Como diz a música, o verão é mesmo uma delícia! Com férias em andamento, muitas famílias se reúnem para viajar. No Brasil, piscinas e as belas praias costumam entrar no roteiro dos passeios, mas, nessa época do ano, é necessário ter atenção redobrada com a longa exposição ao Sol.

Nessa página, conversamos com a médica dermatologista Cláudia Magalhães, que atende no Recife, sobre como se proteger do Sol para ter um verão alegre e sem consequências negativas para a pele.

CUIDADOS COM A PELE NO VERÃO

TV Jornal: Quais os principais desafios que a nossa pele enfrenta no verão?

Dra. Cláudia Magalhães: Durante o verão, a nossa pele enfrenta vários desafios devido às condições climáticas específicas da estação mais quente do ano! Dentre os principais, estão a exposição excessiva ao sol, que pode causar danos à pele, como queimaduras solares, envelhecimento precoce e o aumento do risco de câncer de pele; a desidratação, pois a pele perde a umidade, ficando mais ressecada e descamada; alergias e irritações provocadas pelo contato prolongado com a água do mar ou da piscina; e a hiperpigmentação, devido ao aumento da produção de melanina, que resulta em manchas escuras na pele.

TV Jornal: E como devemos nos proteger?

Dra. Cláudia Magalhães: Para proteger a pele durante o verão, é essencial adotar cuidados como o uso de protetor solar, aplicando em todas as áreas expostas, a cada duas ou três horas e iniciar a sua aplicação, pelo menos, 20 minutos antes de se expor ao sol, com um fator de proteção 30 ou mais - no dia a dia, e 70 ou mais quando houver uma exposição mais direta, como acontece quando a pessoa vai à praia, parques e piscina; além de uma hidratação bem regular, sempre ingerindo muita água (pelo menos 2 litros por dia); roupas de proteção UV, chapéu ou boné de abas largas e óculos escuros para fazer a máxima proteção; evitar a exposição prolongada ao sol, procurando ficar à sombra.

TV Jornal: Apenas o protetor solar é suficiente?

Dra. Cláudia Magalhães: O melhor método de proteção solar e o mais antigo ainda é o protetor solar. No entanto, nenhum protetor solar protege a pele 100%. Por isso, existem coadjuvantes que ajudam nessa proteção do sol, como as barreiras físicas: guarda-sol, óculos escuros, roupas com proteção UV, chapéus de abas largas e boné, além de evitar a exposição solar nos horários de pico de radiação, das 10h às 16h. Outro método é não passar o dia todo exposto ao sol! Procure sempre um local com sombra.

TV Jornal: Como devemos escolher o protetor solar?

Dra. Cláudia: Pessoas com a pele sensível, por exemplo, devem optar por protetores solares hipoalergênicos, sem fragrância, com ingredientes suaves, e procurar por produtos rotulados como "adequados para pele sensível". Já quem tem a pele oleosa, propensa à acne, deve escolher protetores solares não comedogênicos e oil-free para evitar obstrução dos poros. No geral, para todos, é preciso estar atento se o protetor solar oferece proteção de amplo espectro contra os raios UVA e UVB. Lembrando que todos nós precisamos usar protetor solar, independentemente da cor da pele. Para quem pratica atividades ao ar livre, escolha protetores solares em gel, gel-creme ou spray para uma aplicação mais fácil e rápida. Para o rosto, existem opções específicas para serem usadas como base ou primer. Em relação ao fator de proteção solar (FPS), pessoas de pele mais clara ou aquelas que passarão mais tempo ao ar livre podem precisar de um FPS mais alto, acima de 70.

TV Jornal: Camisa com proteção contra raios UV é mesmo segura? Deve ser colocado protetor solar mesmo usando esse tipo de camisa?

Dra. Cláudia Magalhães: Sim, camisas com proteção contra raios UV são projetadas e fabricadas para fornecer uma barreira adicional contra os raios ultravioleta prejudiciais do sol. Essas roupas são feitas de tecidos especialmente desenvolvidos para bloquear a maioria dos raios UV. A eficácia dessas roupas é medida por um fator de proteção ultravioleta (FPU) ou UPF (Ultraviolet Protection Factor). Um UPF 50+ é o mais alto nível de proteção disponível, bloqueando mais de 98% dos raios UVB. No entanto, mesmo com essa proteção UVB fornecida pela roupa, é preciso lembrar das radiações UVA, UVC e Infravermelha (IR), que essas roupas não conseguem bloquear tão bem!

Então você deve usar o seu protetor solar, até porque além deste fator citado, é importante considerar outros fatores, como a exposição da pele não coberta, a duração da exposição ao sol e a atividade específica que a pessoa que está exposta ao sol está fazendo - natação onde a água remove boa parte da camada dos filtros solares, ou ainda, qualquer esporte náutico que cause muita transpiração, e assim, diminuição da quantidade do protetor solar na pele exposta!

TV Jornal: Além do uso de protetor solar, quais são outras práticas essenciais de proteção solar que as pessoas devem adotar durante o verão?

Dra. Cláudia: Evitar a exposição ao sol por um longo período; procurar ambientes com sombra; estar bem hidratado, mesmo que esteja ingerindo bebida alcoólica, é preciso intercalar com copos de água para não desidratar (lembrando que o suco e o refrigerante não substituem o consumo da água mineral); usar roupas leves, de preferência com proteção UV; bonés e chapéus que protejam seu rosto e suas orelhas;

TV Jornal: Como o aumento da exposição ao sol durante o verão pode afetar a saúde da pele a longo prazo? Quais são os sinais de danos aos quais devemos estar atentos?

Dra. Cláudia: Se expor ao sol sem proteção durante o verão afeta ainda mais a saúde da nossa pele a longo prazo! É o período de maior risco de queimaduras, fotoenvelhecimento e predisposição a tumores, com a mudança do DNA das células, que acontece a longo prazo - que apesar de haver uma predisposição genética, pessoas de qualquer tonalidade de pele, inclusive as negras, não estão livres dos danos que o sol pode causar na pele. Então, é necessário usar protetor solar, todas as pessoas, independente da cor da pele! Em relação aos sinais de danos, os que percebemos logo são as queimaduras, vermelhidão, descamação, ressecamento, manchas, como acontece com quem gosta de se bronzear para ficar com a pele mais morena nessa época do ano, além de acelerar a curva de envelhecimento, e ainda corre o risco de ter um câncer de pele. São fatores cumulativos!

TV Jornal: Quais são as recomendações para o cuidado da pele após a exposição solar, especialmente para evitar a desidratação e minimizar os efeitos nocivos do sol?

Dra. Cláudia: O cuidado adequado com a pele após a exposição solar é fundamental para ajudar a minimizar os danos, prevenir desconfortos e recuperar a saúde da pele. A melhor maneira é seguindo algumas dicas, como tomar banho com água morna ou fria; utilizar óleo de banho antes da última chuveirada; ao sair do banho, aplicar hidratante no corpo todo, além daqueles específicos para pele do rosto, pescoço, colo, mãos… Que são utilizados para as áreas mais nobres da pele! Usar hidratante labial, evite produtos que contenham álcool, pois podem ressecar ainda mais a pele. Também é importante hidratar a pele à noite, antes de deitar-se!

TV Jornal: Existem diferenças nos cuidados com a pele entre adultos e crianças durante o verão, considerando a sensibilidade da pele infantil?

Dra. Cláudia Magalhães: Sim. As crianças têm a pele muito mais sensível, lembrando que crianças com até 6 meses de idade não podem usar protetor solar, por isso que elas só podem tomar banho de sol - de preferência que seja bem cedinho, até no máximo 8h da manhã -, jamais pode ser exposta ao sol. A partir dos 6 meses, independente da cor, a criança precisa usar protetor solar! Existem protetor solar infantil que não arde os olhos e precisa ser aplicado em todas as áreas do corpo, além disso, é indicado que use chapéu, roupas com UV de proteção, FPS 50 ou mais, reaplicando a cada duas horas, mantê-la mais à sombra, e muita água para hidratar bem.

TV Jornal: A maior exposição ao Sol pode aumentar a presença de acne e a oleosidade da pele?

Dra. Cláudia: Sim, a exposição ao sol pode afetar a pele de diferentes maneiras, e em alguns casos, pode influenciar a acne e a produção de oleosidade. No entanto, é importante entender que a relação entre exposição solar, acne e oleosidade pode variar de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem notar uma melhora temporária na acne, enquanto outras podem experimentar o efeito oposto. Então, quem tem acne precisa seguir o tratamento indicado por sua dermato, tanto oral quanto tópico. Assim como quem tem a pele oleosa, não pode abrir mão do uso de produtos prescritos pelo dermatologista, principalmente na face, pescoço, colo, costas, áreas que despertam mais oleosidade.

TV Jornal: Em caso de vermelhidão, após a exposição ao Sol, o que fazer?

Dra. Cláudia Magalhães: use bastante hidratante, também é bom usar pomada hidrocortisona creme. Caso a vermelhidão persista e até apareçam bolhas, é preciso procurar o dermatologista! A melhor forma de se proteger para que isso aconteça novamente, é não se expor de forma excessiva ao sol!

TV Jornal: O que fazer quando a pele descasca e como se proteger para que isso seja evitado?

Dra. Cláudia: A descamação da pele é, na maioria das vezes, uma resposta à exposição excessiva ao sol ou a outros fatores irritantes. O que precisa fazer é hidratar! Use hidratante sem cheiro, sem álcool - existem diferentes tipos que são vendidos na farmácia -, logo após o banho, não só uma vez por dia, mas após todos os banhos. E se proteja do sol! Usando protetor solar, procurando lugares com sombra, não se expondo ao sol sem proteção, utilizando barreiras físicas como camisas UV, boné, chapéus, se hidrate. E nunca ofereça sua pele para ser danificada do sol. Seja feliz no verão, use a energia da luz solar para melhorar a sua mente, pois ela libera serotonina, o hormônio do prazer, mas sempre cuidando da sua pele para que esse prazer não vire um filme de terror no futuro.

TV Jornal: Existe uma forma segura de fazer bronzeamento na praia ou na piscina? Quais produtos podem ser usados para se bronzear sem perder a proteção solar?

Dra. Cláudia: Não existe bronzeador quando a pessoa quer se proteger do sol! Bronzeador é utilizado por quem não está preocupado nem com o envelhecimento e muito menos com câncer de pele. Se você quer usar algo que melhore o aspecto de bronzeamento da pele, utilize um autobronzeador que se usa em casa, deixa permanecer na pele, enfim, siga todas as instruções para você melhorar a tonalidade da pele, mas sem se expor ao sol. É usar o autobronzeador sem exposição solar. Bronzeador + sol é sinal de problema, câncer de pele em primeiro lugar. A resposta aqui é: posso usar bronzeador solar? Não e nunca! Em canto nenhum da pele!

TV Jornal: Existem alimentos ou suplementos que podem contribuir para a saúde da pele durante o verão?

Dra. Cláudia: Quanto à alimentação, é bem importante falar que as frutas e verduras são muito bem-vindas neste verão, porque além delas terem vários ativos, elas também fazem um efeito antioxidante, combatendo os radicais livres; têm sais minerais, que repõe todo o suor perdido; além dos alimentos, como cenoura, jerimum ou abóbora, que têm carotenoide. E os carotenoides ajudam no bronzeamento natural da pele. No entanto, nunca invente, por favor, de passar nenhum tipo de alimento pensando que eles vão dar algum tipo de bronzeamento. Esses produtos naturais, são absolutamente contraindicados. Se a sua pele tiver contato com limão ou alguma outra fruta cítrica, como laranja, abacaxi (mesmo lavando a pele depois) e se expor ao sol, você pode ter o que a gente chama de fitofotodermatose, que são bolhas que evoluem e que deixam a pele escurecida e aí, sim, você vai precisar da ajuda da sua dermatologista.

Reportagem feita após consulta com a Cláudia Magalhães, médica formada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. CRM 11.769 | RQE 1951.

Tags

Autor