A Polícia Federal considera utilizar o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o evento deste domingo (25) como parte das investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.
Os investigadores argumentam que as declarações de Bolsonaro durante o ato na Avenida Paulista corroboram a ideia de que o ex-presidente tinha conhecimento sobre a minuta de golpe.
DISCURSO DE BOLSONARO EM ATO NA PAULISTA
Depois de Bolsonaro permanecer em silêncio durante seu depoimento à PF na última quinta-feira (22), agentes envolvidos na operação revelaram à coluna de Malu Gaspar, no Globo, a intenção de incluir no inquérito um trecho do discurso do ex-presidente no ato na Avenida Paulista neste domingo.
De acordo com os policiais, durante sua fala no evento pró-Bolsonaro, o ex-presidente admitiu ter conhecimento sobre uma minuta de golpe. O objetivo é transcrever essa parte do discurso para inseri-la no inquérito.
Durante o evento na Avenida Paulista, Bolsonaro afirmou: "Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição".
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Ele também declarou: "Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio".
Os policiais federais envolvidos nas investigações contra Bolsonaro destacam que, embora o ex-presidente tenha utilizado seu discurso para negar a tentativa de golpe, ele admitiu ter conhecimento da minuta.
O documento em questão foi encontrado na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, em janeiro de 2023. Trata-se de um rascunho que propõe a instalação de um "Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral" com o objetivo de "garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022".
Esta minuta reflete o mesmo raciocínio apresentado por Bolsonaro durante a reunião ministerial de julho de 2022, na qual solicitou aos membros do Conselho de Transparência do TSE que pleiteassem o adiamento das eleições devido à alegada falta de lisura no sistema eleitoral.