Paralisação

Greve dos Caminhoneiros em fevereiro: confira o que se sabe até agora

A notícia de uma paralisação, como a Greve dos Caminhoneiros de 2018, já se espalhou pelo país. Veja o que se sabe até agora

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 28/01/2021 às 8:12 | Atualizado em 17/01/2023 às 9:44
Acervo/JC Imagem
FOTO: Acervo/JC Imagem

Uma possível paralisação dos caminhoneiros, semelhante à greve que ocorreu em 2018, vem sendo amplamente discutida pelas organizações ligadas à categoria, o governo federal e a sociedade.

Todos os dias uma novidade aparece, seja uma nova entidade que declarou adesão ao movimento ou alguma ação do governo para evitar uma greve na classe.

ANTB e CNTRC

Uma nova greve dos caminhoneiros é apoiada oficialmente pela Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB).

Em entrevista concedida ao SBT News, o representante da associação, José Roberto Stringasci afirmou que a categoria se organiza para uma nova paralisação a partir de fevereiro e por período indeterminado.

Stringasci, que também é integrante do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), composto por mais de 40 mil caminhoneiros, acredita que a greve "seja igual à paralisação de 2018 ou maior".

Nesta quinta-feira (28), a CNTRC chegou a publicar diversos vídeos no Twitter após o apelo do presidente Jair Bolsonaro para que não houvesse uma nova greve da categoria, afirmando que a paralisação deve iniciar na próxima segunda (1º).

Mais 800 mil apoiam a greve

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL) declarou apoio a uma possível greve de caminhoneiros.

A entidade disse apoiar o movimento, convocado por grupos menores insatisfeitos com a gestão do governo Bolsonaro.

A CNTTL tem a participação de cerca de 800 mil motoristas e orientou todos a aderirem à paralisação. A previsão é que a greve comece já na próxima segunda-feira, dia 1º de fevereiro.

"Hoje temos um piso mínimo da fome", diz representante

Para o porta-voz da CNTTL, o caminhoneiro autônomo Carlos Alberto Litti Dahmer, a classe não "suporta mais tanta exploração e a insensibilidade do Governo Bolsonaro e do Supremo Tribunal Federal (STF) referente à agenda de reivindicações, que está parada há três anos (2018 a 2021)".

Ele, que também é presidente do Sinditac (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga) de Ijuí-RS, e vice-presidente da CGTB, ainda falou sobre o problema dos reajustes e prometeu uma greve para a próxima semana.

"Lamentável o reajuste da Tabela do Piso Mínimo de Frete, realizada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Tivemos um reajuste de 2,51% que é ínfimo. Só para se ter ideia o preço do pneu teve aumento nos últimos três meses de mais de 60%, seja nacional ou importado", disse.

De acordo com ele, também não houve o julgamento do piso pelo STF: "Hoje temos um piso mínimo da fome. Para nós inconstitucional é a fome e a exploração. Vamos dar um basta nisso. Vamos cruzar os braços no dia 1º de fevereiro", destaca Litti.

Bolsonaro apela

Na quarta-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro pediu para que não houvesse uma nova greve dos caminhoneiros.

"Reconhecemos o valor dos caminhoneiros para a economia do Brasil. Apelamos para eles que não façam greve, porque todos nós vamos perder, todos, sem exceção", disse.

Ele ainda disse, após reunião no Ministério da Economia, que estaria buscando uma maneira não haver mais reajustes.

Petrobras reajusta preço médio do diesel

Com o reajuste pela Petrobras no preço médio do diesel nas refinarias em 4,4% na terça-feira (26), especulações sobre uma nova paralisação dos caminhoneiros começaram a surgir.

“A Petrobras segue uma planilha, tem a ver com preço do petróleo lá fora, tem a ver com variação do dólar", disse Bolsonaro.

O presidente diz não ser possível dar uma resposta sobre como diminuir o impacto de nove centavos no preço do diesel, ressaltando que não quer interferir na política de preços da empresa.

Governo estuda diminuição nos impostos

Ainda de acordo com Jair Bolsonaro, o governo estuda a diminuição do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), impostos federais que incidem sobre os combustíveis.

Segundo ele, renunciar aos impostos custaria R$ 800 milhões por cada centavo reduzido nos combustíveis. Bolsonaro acredita que a redução do ICMS, imposto estadual, também é importante.

“Até sair da refinaria e chegar na bomba de combustível tem ICMS, imposto que é o mais caro que tem sobre o combustível no Brasil, tem a margem de lucro, tem transportadores, tem muito monopólio no meio disso. Estamos buscando alternativas mas não são fáceis”, disse.

Protesto contra aumento do ICMS

Caminhoneiros protestaram contra o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em São Paulo nesta quarta-feira (27).

O protesto, que ocorreu pela manhã, começou na Praça Charles, em frente ao estádio do Pacaembu. De lá, os motoristas se deslocaram até as proximidades do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

O grupo chegou também a ir para as marginais Tietê e Pinheiros. O número de manifestantes não foi divulgado.

Pacote de reajuste fiscal em São Paulo

Em 2020, o governo paulista aprovou um pacote de ajuste fiscal, alegando que a medida seria necessária para compensar um déficit estimado de R$ 10,4 bilhões em 2021, resultado da crise econômica provocada pela pandemia de covid-19.

Para aumentar a arrecadação no estado, o pacote, aprovado em outubro, inclui a redução linear dos benefícios fiscais concedidos a setores da economia.

No início do mês, o governo suspendeu as mudanças nas alíquotas do ICMS para medicamentos genéricos, insumos agropecuários e produção de alimentos. No entanto, manteve as mudanças para os demais setores.

Em comunicado, o governo de São Paulo considerou o protesto da categoria "uma manifestação de caráter político" e disse que vem negociando com os setores desde o ano passado.

"A redução de parte de benefícios fiscais da iniciativa privada é uma medida necessária para garantir a continuidade de serviços públicos fundamentais", diz a nota.

Pedidos acatados

Depois da ameaça de uma nova greve organizada pelos caminhoneiros em fevereiro — a segunda proposta pela categoria, desde a greve dos caminhoneiros de 2018 — o governo cedeu a pedidos da categoria.

O pedido feito pelos caminhoneiros era de que fossem aceitos como grupo prioritário para receber a vacina contra a covid-19, junto com indígenas, idosos e profissionais da linha de frente da saúde. O novo plano nacional foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Além disso, o presidente ainda suspendeu a cobrança de taxa de importação de 16% para os pneus. Uma decisão do Camex (Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior), ligado ao Ministério da Economia.