Projetos de lei que estão tramitando na Câmara de Vereadores do Recife propõem a mudança dos nomes de ruas histórias da capital pernambucana. A discussão tem causado polêmica entre especialistas e a população.
A Rua Sete de Setembro, no bairro da Boa Vista, é uma das envolvidas na discussão. O projeto, de autoria da vereadora Cida Pedrosa, do PCdoB propõe que a via passe a se chamar: Rua Livreiro Tarcísio Pereira, em homenagem ao fundador da Livro 7. Tarcísio era dono de uma livraria localizada na rua, e morreu em janeiro deste ano. Vários comerciantes que trabalham na rua são contra a mudança.
Já o vereador Fabiano Ferraz do (Avante) solicitou que a Rua Nova, no bairro de Santo Antônio, seja transformada em Rua Nova Cantor Augusto César, a fim de ter uma forma de lembrar do artista, que foi vítima da covid-19, no mês passado.
Outro projeto de autoria da vereadora Natália de Menudo, do PSB, prevê que a Estrada do Bongi, Zona Oeste do Recife, passe a ser chamada de 'Estrada do Bongi Governador Eduardo Campos'. Várias pessoas não entendem a necessidade.
A lei municipal de nº 1.223 afirma que os nomes de ruas e avenidas que foram consagrados pelo povo precisam ser mantidos. Além disso, personalidades só podem ser homenageadas, após um ano do falecimento, requisito que o livreiro Tarcísio Pereira e o cantor Augusto César ainda não atendem.
Não é de hoje que ruas e avenidas do Recife têm o nome substituído. Documentos da Fundação Joaquim Nabuco mostram que essas trocas começaram a acontecer em 1870. Vários pesquisadores criticam essas mudanças. Segundo eles, as trocas colocam em risco a história da cidade, como afirma a antropóloga Fátima Quintas.
“A cultura precisa ser preservada para ter uma identidade, que vai espelhar a realidade de um conjunto de pessoas. Quando a gente começa a mudar [os nomes das vias], perdemos isso. Preservar a cultura é uma forma de abraçar a tradição e de louvar a identidade de uma população ou região. Se não for conservada, mantida e reverenciada, vai se transformando permanentemente e vamos perdendo a fotografia da própria localidade", afirma.
O arquiteto e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fernando Diniz, também diz que há prejuízo na troca dos nomes.
O jornalista e escritor pernambucano Leonardo Dantas já publicou vários livros sobre a história da cidade e entende a riqueza por trás dos nomes das ruas e avenidas do Recife. O especialista também aponta as alterações dos endereços como “prejuízo total para a história da cidade”, e espera que a capital pernambucana seja “salva da insensatez que é mudar [os nomes] das ruas”, e que não se aprofunde na realidade de um “Recife como terra do foi e não é mais”.
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