Dentro do contexto de correção e retomada da economia, a queda da inflação está entre os fatores mais importantes para a saída da recessão e a consolidação do País. Os últimos índices surpreenderam não apenas os especialistas que acompanham de perto os movimentos econômicos, mas também o Banco Central, cuja missão é zelar pela estabilidade e pelo controle da inflação.
Amargando um patamar de 9,28% em 2016, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) agora está em 2,54% nos últimos 12 meses encerrados em setembro.
Para o mercado financeiro, esse desempenho significa uma conjunção de fatores, como o aumento da produção agropecuária, em especial a supersafra de grãos, assim como uma guinada na política econômica – que ocasionou um choque positivo de credibilidade.
“(A guinada) Ajudou no ano passado na parte de expectativas. Estávamos em um ciclo de queda na atividade econômica e a inflação não caía porque você não tinha a credibilidade do Banco Central”, afirma o analista do banco de investimentos Haitong, Flávio Serrano.
“Quando o (novo) Banco Central assume, você passa a acreditar que ele persegue uma inflação de 4%, e não uma de 6%”, explica o economista, que citou também a surpresa dos menores preços de alimentos ao longo do ano.
Para os brasileiros, contudo, a queda da inflação é mais que um dado de expectativas para o mercado financeiro. No caso da população, uma inflação menor significa a manutenção do poder de compra e, na prática, um custo de vida menor.
Com o trauma dos tempos de hiperinflação, no qual brasileiros estocavam alimentos para evitar sofrer com as variações de preço, o preço do grupo de alimentação é simbólico e, por coincidência, tem sido o principal influenciador das quedas da inflação.
Apenas nos últimos 12 meses, alimentos importantes para a mesa dos brasileiros sofreram quedas impressionantes, como é o caso do feijão-carioca (-57,65%), da batata inglesa (-41,45%), do tomate (-20,28%), do frango inteiro (-5,04%), do filé mignon (-0,88%), entre outros.
Principal instrumento de combate à inflação, a taxa básica de juros, a Selic, também acompanhou esse processo: recuou de 14,25% ao ano, em junho do ano passado, para os atuais 8,25% ao ano – o menor nível em quatro anos.
A Selic é utilizada pelo Banco Central para encarecer ou baratear o acesso ao crédito, e essa redução leva a um aquecimento do consumo e a um aumento da atividade econômica. Isso porque a queda da taxa básica viabiliza mais investimentos do setor produtivo.
Segundo as previsões do mercado financeiro, a taxa básica deverá chegar ao patamar de 7% ao ano no final de 2017. Caso isso se confirme, o Brasil conviverá com os juros mais baixos da história.
A função principal do Banco Central é zelar pela estabilidade financeira do País e controlar a inflação. Para isso, ele segue uma meta de inflação, que é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para acompanhar o rápido processo de desinflação e a expectativa dos empresários e especialistas, a meta foi alterada: atualmente em 4,5%, a meta inflacionária passa a ser de 4,25% em 2019 e de 4% em 2020.
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