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Professora, paciente de número 2.500 diagnosticada no Recife com coronavírus recebe alta

A professora ficou sete dias de internação entre a UTI e a enfermaria

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 02/08/2020 às 8:50
Andréa Rêgo Barros/PCR
FOTO: Andréa Rêgo Barros/PCR

Curada do novo coronavírus, a professora Eliane dos Santos Medeiros, 60 anos, foi a paciente de número 2.500 a ter alta dos hospitais de campanha da Prefeitura do Recife. Os profissionais do Hospital Provisório Recife 2, nos Coelhos, formaram um corredor para celebrar a recuperação de Eliane, na sexta-feira (31), dia em que a rede de hospitais de campanha atingiu a marca.

Após de sete dias de internação entre a UTI e a enfermaria do HPR 2, a professora não poupou agradecimentos aos profissionais de saúde e das demais áreas que cuidaram dela. “Fui muito bem atendida e estou muito agradecida a todos os profissionais, desde os serventes, aos médicos e gestores. Para a equipe do hospital desejo muitas felicidades. Todos ajudam a gente no peito e na raça. Não tinha ninguém com má vontade. A equipe foi muito bem preparada”, disse a pedagoga que é asmática e rezava diariamente para se curar e ter a oportunidade de conhecer seu primeiro neto, que está para nascer.

Medidas de prevenção

Em meio ao momento de comemoração, Eliane também fez questão de alertar à população sobre a importância das medidas de prevenção. “Quero deixar um recado a todos. Isso aqui não é uma brincadeira; é uma guerra. O povo não está acreditando. Essa doença não é brincadeira. Usem máscara, não fiquem juntos de muita gente e cuidem de si e do próximo”, disse a docente, que já superou duas infecções pulmonares.

Recuperação comemorada

A recuperação da professora foi bastante comemorada entre os profissionais de saúde que estiveram ao lado dela durante seu internamento. “Ela é uma pessoa muito sensível. Quando chegou, não acreditou que estava com covid, mas ao ver o exame, começou a responder ao tratamento, mesmo sendo asmática. Quando dei a notícia de sua alta, ela não acreditou. Ficou bastante emocionada”, revelou o supervisor de Enfermagem da UTI, Erickson Luan Gomes.

Agradecimento

Em anúncio na sexta-feira, data que marcou a alta 2.500, o prefeito Geraldo Julio agradeceu aos profissionais que ajudaram a construir os sete hospitais e aos que trabalham nas unidades e conseguiram devolver 2.500 pessoas curadas para suas famílias.

“Os nossos hospitais de campanha chegaram a 2.500 altas de pacientes que estiveram internados. Pessoas que precisaram de atendimento hospitalar e foram tratadas em hospitais que não existiam antes da pandemia. Transformamos terrenos, galpões sem uso, em enfermaria e UTIs que estão salvando vidas. Muito mais do que um número, cada pessoa dessa que voltou para casa curada representa muito para sua família, para os seus amigos e para toda a sociedade. Quero agradecer a todos que participaram da construção e da equipagem, e a todos que trabalham no funcionamento desses hospitais de campanha, salvando muitas vidas diariamente”, disse o prefeito.

Leitos

O Recife foi a capital brasileira que proporcionalmente abriu mais leitos para pacientes como Eliane, com confirmação ou suspeita de covid-19. De acordo com levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a capital pernambucana criou 1.155 leitos durante a pandemia, ficando atrás apenas da cidade de São Paulo, que abriu 1.791 leitos. Levando em conta o número de habitantes, o Recife criou, proporcionalmente, cinco vezes mais leitos para sua população, já que a capital pernambucana tem 1,6 milhão de habitantes e a capital paulista tem mais de 12,2 milhões de habitantes.

De acordo com análises feitas pela Prefeitura do Recife a partir dos dados disponibilizados no site oficial do CFM (www.portal.cfm.org.br), a capital pernambucana criou 70 leitos de covid-19 para cada 100 mil habitantes, enquanto São Paulo abriu 14 leitos de covid para cada 100 mil habitantes. Somente a Prefeitura do Recife abriu cerca de mil leitos nos últimos meses (mais de 700 de enfermaria e mais de 300 de UTI), já tendo desativado 300 enfermarias por acumular mais de dois meses de queda nos indicadores da pandemia. Na capital, também foram abertos leitos de covid-19 pelo Governo do Estado, sem contar os leitos da rede privada, não contabilizados pelo estudo.

A gestão municipal ergueu sete hospitais de campanha e ainda abriu leitos de covid-19 em outras duas unidades de saúde. Atualmente, a rede municipal tem 724 leitos em funcionamento, sendo 342 de UTI e 382 de enfermaria. Essa estrutura já propiciou mais de 13.500 atendimentos e mais de cinco mil internações. Tamanho esforço da rede municipal ainda permitiu que a rede hospitalar do Recife ajudasse outras cidades pernambucanas. Prova disso é que, nesta semana, mais de 70% dos pacientes internados com covid nas UTIs municipais são de fora do Recife. A análise do CFM também mostra que Pernambuco é o segundo estado brasileiro em ampliação da rede hospitalar na pandemia.

Atenção básica

Além da rede de hospitais de campanha, a Prefeitura do Recife também salvou vidas em outra frente: a rede de Atenção Básica à Saúde, que foi reestruturada para também atender casos suspeitos ou confirmados da covid-19. Reorganizada pela Prefeitura do Recife desde abril, 20 unidades de referência da Atenção Básica à Saúde ultrapassaram a marca de 20 mil atendimentos, nesta semana, contribuindo para desafogar os Serviços de Pronto Atendimento (emergências) da rede municipal e evitando que pessoas com suspeita de covid-19 tivessem contato com pacientes que estivessem buscando vacinação, remédios, pré-natal e outros atendimentos.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização.
  • Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
  • Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.