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Auxílio emergencial 2021 ainda pode ser de R$ 600? Veja o que diz Paulo Guedes

O valor do auxílio emergencial 2021 tem sido muito questionado, tanto por políticos, como pela população.

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 27/03/2021 às 12:30 | Atualizado em 04/10/2022 às 10:57
Marcello Casal Jr./ABr
FOTO: Marcello Casal Jr./ABr

O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi questionado sobre o novo valor do auxílio emergencial, em audiência na Comissão Temporária da Covid-19.

O valor do auxílio emergencial 2021 tem sido muito questionado, tanto por políticos, como pela população.

Os questionamentos vieram de Wellington Fagundes (PL-MT), Styvenson Valentim (Podemos-RN) e Zenaide Maia (Pros-RN).

Styvenson registrou que governadores de 16 estados divulgaram carta para pressionar o Congresso a aumentar o valor do auxílio emergencial para R$ 600. Os atuais valores giram em torno de R$ 150 a R$ 375.

Segundo o grupo, o momento atual da pandemia exige segurança de renda à população associada às medidas de distanciamento social.

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Pode aumentar o valor do auxílio emergencial?

Na audiência, o ministro disse aos senadores que não descarta um auxílio emergencial com valor mais alto, mas lembrou que isso dependeria de contrapartidas como a venda de empresas públicas.

"O estado está financeiramente quebrado, mas cheio de ativos. Vimos que é possível aumentar o valor, mas tem que ser em bases sustentáveis", disse Guedes.

"Aumentar o valor sem, por outro lado, ter as fontes de recursos corretas, traz a superinflação, ou a inflação de dois dígitos, como era antigamente", explicou o ministro.

"O resultado final é desemprego em massa e o imposto mais cruel sobre os mais pobres que é a inflação”, afirmou.

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68 milhões de beneficiados

No início da reunião, Paulo Guedes afirmou que o auxílio emergencial garantiu a proteção dos 68 milhões de brasileiros mais frágeis.

Estatais

Vender as estatais não lucrativas pode ser uma fonte de recursos para garantir uma renda mínima aos trabalhadores informais e à população carente, segundo Paulo Guedes.

A proposta surgiu após o ministro anunciar que o auxílio emergencial deve ser pago em quatro parcelas de R$ 250 a partir de abril, num total de R$ 44 bilhões.

Styvenson e Zenaide questionaram por que não poderiam ser mantidos os R$ 600 concedidos anteriormente.

Também foi questionado qual o plano de geração de empregos e alavancagem de economia do governo para o futuro, já que até agora houve “apenas arrocho e perda de poder de compra”.

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O ministro, então, sugeriu a criação do “Fundo Brasil”, abastecido com recursos do “patrimônio brasileiro”, oriundo da venda de estatais que dão prejuízo.

Ele sugeriu também uma distribuição de participações das empresas lucrativas, para distribuir renda de forma direta aos informais, os chamados “invisíveis” pelo ministro, e aos mais pobres.

"Vamos pegar o patrimônio que o Estado brasileiro tem e vamos entregar uma parte para os mais pobres e outra parte para reduzir a dívida", disse Guedes

"Vamos aliviar as gerações futuras, de um lado, garantindo justamente que nós liquidemos uma parte dessa dívida, e, por outro lado, vamos ajudar os pobres contemporâneos nossos", continuou.

"Vamos pegar esse patrimônio e, em vez de ele ficar participando de maracutaia, de aparelhamento político, de caixa dois, de corrupção, vamos pegar esse patrimônio e vamos dar para os mais pobres", falou.

"Fundo Brasil: vamos pagar dividendos sociais para os mais frágeis", argumentou.

Ao final da audiência, Guedes explicou que esse acesso à renda “sem intermediários”, seria via programas sociais mais robustos, abastecidos com recursos das vendas e dividendos de empresas públicas.

O patrimônio do Fundo Brasil seria divido então para o Renda Brasil — que substituiria o programa Bolsa Família; para investimentos, infraestrutura, recursos hídricos.

Uma terça parte poderia ser direcionada para abater a dívida; e, com a última parte, poderia haver renegociação da dívida dos estados com a União.

"Já que isso pertence ao povo, vamos devolver recursos para população brasileira também", disse.

Chantagem

Em seus questionamentos, a senadora Zenaide Maia (Pros-RN) considerou “uma chantagem” o governo exigir a aprovação da PEC Emergencial (186/2019), com restrições para os salários de servidores públicos.

A restrições incluem até profissionais de saúde e policiais da linha de frente do combate à pandemia. Também criticou o processo de venda de estatais do país que, a seu ver, não apresenta bons resultados.

"O que o senhor apresentou para o povo brasileiro até hoje foi venda do patrimônio, e não são empresas que estão dando prejuízo, não, ministro", disse a senadora.

"O senhor está vendendo patrimônio do povo brasileiro de empresas superavitárias, como o senhor está apresentando aí para vender a Eletrobras. E ajustes fiscais", criticou Zenaide.

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Jean Paul Prates (PT-RN) refutou a informação de que "o atual governo encontrou os invisíveis”, os informais, que não eram auxiliados financeiramente em governos passados.

"De 2003 a 2014, quando a maior parte dos que hoje falam isso, dizia que o governo dava dinheiro para pobre através do Bolsa Família, para esses outros que não se enquadravam no Bolsa Família por serem informais, o país criou 20 milhões de empregos", disse.

"O salário-mínimo subiu 77% acima da inflação. Isso é forma de inclusão social; não é transformar agora um auxílio emergencial, que é indenizatório, em um programa social", disse.