Decisão

Serial killer de Brasília: Justiça do Distrito Federal nega pedido da defesa de Lázaro Barbosa de proteção física e mental

Defensoria Pública do DF pedia proteção à integridade física do "serial killer de Brasília", Lázaro Barbosa, após prisão

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 22/06/2021 às 9:16 | Atualizado em 17/06/2022 às 21:13
SBT/ TV Serra Dourada
FOTO: SBT/ TV Serra Dourada

A juíza da Vara de Execuções Penas do Distrito Federal, Leila Cury, não conheceu o pedido formulado pela Defensoria Pública do DF em favor do réu Lázaro Barbosa de Sousa, "serial killer de Brasília", que se encontra foragido e há 14 dias é procurado pelas forças policiais do DF e de Goiás, após cometer vários crimes.

 

Pedido

A Defensoria Pública do DF pedia proteção à integridade física do serial killer após prisão "requer que seja conferida a proteção do réu em face de ataques midiáticos e dos pedidos de 'entrevistas exclusivas' ou outro tipo de promoção que o exponha ainda mais quando houver a recaptura, pois estamos vivenciando um sensacionalismo exacerbado durante a recaptura de Lázaro", diz o pedido. 

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Decisão da juíza

Para a magistrada "os pedidos defensivos formulados para 'proteção especial à integridade física e mental e proteção contra qualquer forma de sensacionalismo e exposição vexatória' são deveras inoportunos, pois dependem da concretização de fatos futuros e incertos sobre os quais este Juízo não pode decidir".

Isso porque, segundo a juíza, havendo recaptura, não se sabe nem mesmo se o sentenciado irá imediatamente ao DF, na medida em que a força-tarefa envolvida na operação vem concentrando suas ações fora dos limites territoriais da competência da VEP/DF.

Além disso, não se pode pressupor que as autoridades policiais envolvidas descumpririam o princípio da legalidade ou da dignidade da pessoa humana, não tendo a Defensoria Pública apresentado nenhum fato concreto que caracterizasse eventual conduta indevida. 

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Ajuda local nas buscas

Após 13 dias de buscas pelo suspeito de assassinatos em série, um homem, sem a identidade revelada e que conhece bem a região, passou a ajudar nas buscas, mostrando os possíveis esconderijos do criminoso em locais de difícil acesso.

Infiltrado

Uma pessoa que fingiu ser policial se infiltrou entre as equipes e entrou em local restrito aos agentes que participam da ação, em Cocalzinho, Goiás (GO).

O homem, que chegou a dar informações e afirmou ser de outra equipe, foi detido na madrugada desse domingo (20).

Polícia aposta no cansaço

A Polícia aposta no desgaste emocional e no cansaço físico para tentar capturar o Lázaro Barbosa.

"Ele está a cada dia mais cansado, mais acusado. Não deixa, de maneira nenhuma, de ser perigosíssimo, mas está nas últimas forças. Tenho quase certeza que cheguei a vê-lo, a 1 km de distância, do outro lado de um vale. A aparência dele não era de pessoa ferida", chegou a comentar com a imprensa o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Rodney Miranda.

Essas aparições do fugitivo, que teve seu perfil traçado como sendo de um psicopata, sugerem, portanto, maior aproximação da operação policial com a localidade exata do fugitivo.

Com o cerco policial se fechando, a tendência é que Lázaro sofra mais estresse, aponta Cássio Thyone, perito criminal aposentado da Polícia Civil do Distrito Federal e membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. "Ele precisa dormir, se alimentar, vencer o próprio estresse psicológico. Tempo é o fator que favorece quem está tentando encontrar a pessoa e não quem está tentando fugir", complementa.  

Governador de Goiás

Apesar disso, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), declarou, no mesmo dia, que as buscas podem durar até um mês.

"Eu pedi o máximo de cautela. Temos tempo. Não precisa atropelar [...] Ele está cercado, dentro da circunscrição e não vai escapar de ser capturado. Pode ter 10, 20, 30 dias", disse o governador.

Para o governador, "qualquer coisa que aconteça, vindo do sujeito, é muito explicável. Ele é assassino. Tudo depende de como é que ele vai se comportar, se vai reagir, ter processo de ansiedade, enfrentar ou continuar. Ele tem a característica do habitat. Ele sabe onde está pisando". 

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Fake news

A Secretaria de Segurança de Goiás também aponta dificuldades de apuração do caso, pelo excesso de fake news. Os agentes têm recebido falsas informações sobre o suspeito, o que, segundo Miranda, tira tempo das investigações.

"É um problema sim. Não só essa fake news [de que Lázaro estaria em um cemitério], como outra de que ele já havia sido baleado, que já estava morto. Tudo isso atrapalha, porque não só a nossa Inteligência, como as unidades de operação, tem que checar. Às vezes a gente deixa de atender mais rapidamente uma informação procedente, para atender uma que não tem relevância", disse, na última 5ª feira. 

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Os crimes

Lázaro é acusado de matar, a tiros e facadas, três pessoas na zona rural de Ceilândia no último dia 9 de junho. Os mortos eram Cláudio Vidal de Oliveira, de 48 anos, e os filhos Gustavo Marques Vidas, de 21 anos, e Carlos Eduardo Marques Vidal, de 15 anos.

O foragido também é apontado como responsável pelo sequestro da mulher de Cláudio, Cleonice Marques de Andrade. O corpo dela foi encontrado no dia 12 à beira de um córrego, próximo da casa onde a família morava. Na terça-feira (15), ele fez uma família refém em uma chácara e atirou em um policial, que foi atingido de raspão.

Lázaro também é investigado pela morte de um caseiro em Girassol, no dia 5 de junho, quatro dias antes do assassinato da família. 

Quem é Lázaro Barbosa?

O homem mais procurado do Distrito Federal, atualmente, é o baiano Lázaro Barbosa Sousa, de 32 anos, nasceu no município de Barra do Mendes, na Bahia, a 500 km de Salvador. O suspeito é casado e tem dois filhos. Criado na mata, no passado, ele já ficou foragido da polícia da Bahia por 15 dias.

Em Barra do Mendes, ele cometeu ao menos dois assassinatos, depois mudou de estado para dar sequência a sua empreitada criminosa. 

Lázaro Barbosa é serial killer?

Oficialmente, a polícia do Distrito Federal não trata Lázaro Barbosa de Sousa como um "serial killer". Ele é suspeito de assassinar quatro pessoas de uma mesma família, na semana passada, e está fugindo dos policiais, desde então. Na fuga, ele já trocou tiros e fez reféns.

O termo "serial killer" para tratar este caso foi adotado por usuários das redes sociais, tecnicamente, de forma errada. 

Confira a cobertura sobre o caso