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Repórter da TV Jornal relata caos em Porto de Galinhas, no Grande Recife, após morte de criança de 6 anos em ação policial

Cartão postal de Pernambuco, Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Grande Recife, viveu uma quinta-feira de terror

Bruna Oliveira
Bruna Oliveira
Publicado em 31/03/2022 às 23:38
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REPRODUÇÃO DE VÍDEO
Ônibus incendiado no acesso a Porto de Galinhas - FOTO: REPRODUÇÃO DE VÍDEO

Cartão postal de Pernambuco, Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Grande Recife, vive um dia de terror.

Isso porque, após a morte de uma criança de 6 anos em ação policial, o comércio e vários serviços no local não funcionaram nesta quinta-feira (31). Além disso, protestos ocorreram pelo assassinato. O clima era de medo.

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A equipe da TV Jornal esteve em Porto de Galinhas e, quando deixava o local em direção à capital pernambucana, foi orientada pela polícia a esperar mais um tempo para seguir viagem.

O motivo para alerta seria homens armados estarem abordando carros nas proximidades do acesso à Nossa Senhora do Ó, também em Ipojuca. No local, um ônibus foi incendiado.

"Um policial informou a todos os motoristas que um ônibus foi atravessado na pista e incendiado. Ninguém conseguia sair ou entrar", disse a repórter Simone Santos.

"Segundo ele, alguns carros foram abordados por homens encapuzados, armados, e a orientação da polícia era que quem tivesse um local seguro, voltasse, e só retornasse por volta das 23h ou 0h", completou a jornalista.

REPRODUÇÃO DE VÍDEO
Ônibus incendiado no acesso a Porto de Galinhas - REPRODUÇÃO DE VÍDEO

Comércio e serviços sem funcionar por medo

Mais cedo, comerciantes e moradores afirmaram que o fechamento do comércio e serviços teria sido determinado por traficantes.

"Mandaram ninguém abrir por três dias, até sábado. Disseram que quem descumprir vai ter problemas. Está todo mundo com medo e revoltado pelo que fizeram com a criança", disse um comerciante.

 

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Comércio fechado em Porto de Galinhas após morte de criança na comunidade de Salinas - TV JORNAL/REPRODUÇÃO

Já a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Porto de Galinhas também precisou interromper o funcionamento porque recebeu ameaças.

Por nota, a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) disse desconhecer a ordem. "As equipes permanecem maciçamente realizando o policiamento ostensivo na região."

O que diz a Prefeitura de Ipojuca

A prefeita de Ipojuca, Célia Sales, reuniu o Comitê de Crise, nessa quarta-feira (30), dia da morte da menina, para tratar do caso.

Ficou decidido que o poder municipal irá oficializar o governo do Estado "cobrando providências para que a ordem pública e a segurança dos cidadãos e dos turistas, desestabilizada pelo fato, seja restabelecida".

Ao JC, a prefeitura também se pronunciou com relação aos protestos e fechamentos de vias.

"A Secretaria de Defesa Social do município está realizando o monitoramento dos pontos de tensão e oferece, junto com a Secretaria de Turismo do Ipojuca, um canal de informações para o turista através do aplicativo 153 digital".

"A Prefeitura de Ipojuca lamenta a morte da menina Heloysa, aguarda resposta da investigação e espera que os dias de paz voltem a reinar no maior destino turístico do estado", completou o texto enviado ao jornal.

Morte da menina de 6 anos

A menina foi baleada no início da noite dessa quarta-feira (30), num lugar conhecido como Praça da Televisão, que fica na comunidade das Salinas, em Porto de Galinhas.

De acordo com o conselho tutelar da cidade, a vítima teria sido atingida por uma bala perdida, durante uma perseguição policial no local.

Em nota, a Polícia Militar informou que houve confronto entre uma equipe do BOPE e indivíduos suspeitos de envolvimento no tráfico de drogas na comunidade.

"Lamentavelmente, uma criança foi atingida, tendo sido socorrida pelo próprio BOPE e populares", escreveu a PM. A corporação afirmou que "ainda não é possível afirmar em que circunstâncias se deu o fato e nem de onde partiu o tiro que a feriu."

A criança foi socorrida e levada para a Upa de Porto de Galinhas. Em seguida foi transferida para a UPA de Ipojuca, na PE-60, mas não resistiu e morreu.

Investigações

A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) informou que está "investigando as circunstâncias da morte de uma criança, na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas, onde há uma operação da PMPE para combater associações criminosas com atuação no tráfico de drogas". Ainda, afirmou que é "prematuro, neste momento, fazer afirmativas."

Já a Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) pontuou que, logo após tomar conhecimento do fato, determinou "a imediata averiguação".

"O Departamento de Inspeção (DEPINSP) da Corregedoria, responsável pelo Grupo Tático de Ações Correcionais (GTAC), enviou equipes a Porto de Galinhas para colher as informações, para verificar se há indícios de autoria e de materialidade por conduta que represente infração disciplinar, visando a subsidiar um procedimento apuratório."

Com informações do JC

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