Homicídio

Maria Farinha: suspeitas estavam agressivas e sob efeitos de drogas

Adolescente de 14 anos foi assassinada em Maria Farinha. Duas outras adolescentes, ambas de 15 anos, teriam cometido o crime

Giovanna Torreão
Giovanna Torreão
Publicado em 26/06/2019 às 18:22
Reprodução/TV Jornal
FOTO: Reprodução/TV Jornal

Após 5 horas tentando colher os depoimentos das duas adolescentes de 15 anos, suspeitas de matar uma menina de 14 anos, o delegado Álvaro Muniz decidiu encerrar as ouvidas pois as menores estavam agressivas e sob efeitos de drogas. De acordo com a Polícia Civil, a garota de 14 anos foi esfaqueada, teve a cabeça batida contra uma pedra e ainda sofreu tentativa de afogamento na praia de Maria Farinha, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. O corpo da vítima foi deixado na beira da praia, no Pontal de Maria Farinha, próximo a uma edificação abandonada. A vítima estava usando o uniforme de uma escola municipal do Recife.

Em nota, a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) informou que as duas adolescentes envolvidas em um ato infracional análogo a homicídio passaram as últimas 24 horas na Unidade de Atendimento Inicial (Uniai), situada no bairro da Boa Vista, no Recife. No local, receberam o primeiro acompanhamento de uma equipe técnica da instituição, composta por assistentes sociais, pedagogos e psicólogos. Em todo esse tempo, elas estiveram em alojamentos separados, por segurança.

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Na tarde desta quarta-feira (26), após serem apresentadas ao Ministério Público e ao Judiciário, as adolescentes tiveram a internação provisória decretada e, portanto, já foram transferidas para um Centro de Internação Provisória (Cenip) da Funase. Ambas serão mantidas em alojamentos separados. "Como prevê a legislação federal, elas poderão permanecer no local por até 45 dias à espera da sentença da Justiça, tempo que é rigorosamente cumprido em Pernambuco. Nesse período, terão o acompanhamento de profissionais técnicos e serão inseridas na prática de atividades pedagógicas com o intuito de prepará-las para um eventual cumprimento de medida socioeducativa de internação, que pode durar até três anos, e para a reintegração social", escreveu a Funase, em nota.

Crime filmado

Em um vídeo de oito minutos, que foi parar nas redes sociais, a menina aparece sendo agredida com socos e puxada pelos cabelos. Depois, as suspeitas tentam afogá-la várias vezes. A adolescente ainda tem a cabeça empurrada contra uma pedra e, por último, recebe da pessoa que faz a filmagem, diversos golpes de faca na nuca.

Na gravação, ainda é possível ouvir o momento em quem uma mulher chega, após o crime, e fala que vai chamar a polícia.

As suspeitas

Segundo a polícia, as responsáveis pela morte da menina, seriam duas adolescentes de 15 anos. Elas foram apreendidas na praia e encaminhadas para a Delegacia de Maria Farinha. De acordo com o delegado, durante um depoimento informal, as adolescentes relataram que elas tinham um envolvimento amoroso e a morte teria acontecido por causa de uma possível traição.

O delegado do caso disse ainda que elas gravaram o vídeo com o propósito de divulgar o que tinham feito.

Ainda segundo o delegado, as adolescentes que já tem passagens pela Funase e estavam sob efeito de drogas. Em nota, a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) informou que uma das adolescentes de 15 anos já havia passado pelo sistema socioeducativo, tendo cumprido medida de semiliberdade em 2018. Já a outra adolescente, também de 15 anos, chegou a dar entrada na instituição em 2017, mas, após um período de internação provisória, que dura até 45 dias, recebeu sentença da Justiça determinando o encaminhamento para a liberdade assistida, que é cumprida sem qualquer vínculo com a Funase.

A instituição reforçou que o índice de reincidência dos jovens atendidos no sistema socioeducativo em Pernambuco caiu mais de 20 pontos percentuais nos últimos dois anos, passando de 61,84%, em 2016, para 40%, em 2018. "Significa que seis de cada dez adolescentes não voltam a cometer atos infracionais após deixarem a fundação. A Funase trabalha para seguir melhorando esses indicadores, por meio do fortalecimento de eixos como a educação profissional. Só no ano passado, 2.207 socioeducandos foram incluídos em cursos profissionalizantes, o que se reverte em maiores oportunidades de reintegração social e inserção no mercado de trabalho", escreveu a Funase em nota.

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