O ano de 2020, em Pernambuco, foi marcado com o caso do menino Miguel, que faleceu precocemente aos 5 anos de idade, após cair de um prédio de luxo na Região Central do Recife.
Hoje, o desabafo de Mirtes Renata, mãe do garoto, é de dor, revolta e saudade do único filho, que morreu, há quase sete meses, no prédio onde ela trabalhava como empregada doméstica.
No dia da tragédia, Mirtes estava a serviço da casa da primeira-dama de Tamandaré, Sarí Corte Real, e deixou o filho aos cuidados da mulher, enquanto levava os cachorros da empregadora para passear.
A ex-patroa foi autuada por homicídio culposo - quando não há intenção de matar - porque estava com a guarda temporária do menino.
Nas imagens da câmera de segurança do elevador do prédio, é possível ver que Sarí deixa Miguel Otávio, filho da empregada, sozinho, dentro do elevador de serviço do prédio de luxo onde mora, no Recife.
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O fato repercutiu no mundo. Para Mirtes, houve imprudência e preconceito com a criança, por parte da ex-patroa. Momentos antes da queda da criança, Sarí estava fazendo as unhas.
Situação que, para o filósofo, Érico Andrade, retrata bem a condição socioeconômica brasileira e põe em evidência a relação entre patrão e empregado.
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O último salário referente aos dias trabalhados, Mirtes ainda não recebeu. Ela tinha o nome cadastrado na folha de pagamento da Prefeitura de Tamandaré, cidade onde o marido de Sarí, Sérgio Hacker Corte Real, atua como prefeito.
Hoje, Mirtes vive das lembranças do filho. Na sala, os porta-retratos decoram a casa com o sorriso de Miguel e os brinquedos dele ainda estão todos por lá. No quarto, nada foi mexido.
Mesmo diante de tanto sofrimento pela perda do filho, Mirtes decidiu que não podia parar e, a partir do próximo ano, ela vai ingressar em uma faculdade, no Recife.
O curso escolhido foi o de Direito e o desejo é que mais famílias, mais mães pretas, sejam auxiliadas. Aprimorar o combate ao racismo dentro da justiça.
A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) criou o instituto 'Menino Miguel', em homenagem a Miguel Otávio, que vai desenvolver e pesquisar propostas de políticas públicas voltadas para o cuidado com a vida.
O projeto, criado pela universidade, será voltado aos cuidados com a vida, da infância à velhice, e tem como objetivo trazer bem-estar à população.
Miguel faleceu no dia 2 de junho, quando foi deixado sozinho, dentro de um elevador do prédio onde a mãe trabalhava. O garoto, procurando pela mãe, saiu do elevador, desceu no nono andar do prédio e caiu, de uma altura de, aproximadamente, 35 metros.
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