Desde o início da pandemia, os professores levaram as salas de aula para dentro das próprias casas, mas a falta de experiência dos profissionais com aulas pela internet tornou ainda mais desafiadora a missão de ensinar.
E este é o tema do segundo episódio da série de reportagens da TV Jornal Educação Pós-pandemia: Desafios e Soluções. Veja a matéria:
"Falar de educação, eu sempre choro. desculpa gente... foi um momento muito difícil. Era muito medo. E eles (os alunos) quando me viam, queriam me abraçar e não podia. era muito difícil", é assim que a professora Ana Paula, de 38 anos, descreve esse período de mudança que a pandemia nos trouxe.
Com uma turma de 10 alunos, do pré ao 5º ano, da zona rural, de Joaquim Nabuco, na Mata Sul do estado, Ana entrou em desespero quando as aulas presenciais foram suspensas.
A professora tentou gravar vídeos no celular, dar aulas online, mas nem todos os alunos tinham acesso à internet. Para não deixar os estudantes sem conteúdo, preparava atividades impressas em casa e viajava toda semana para entregar o material aos alunos.
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Com a pandemia, os alunos passaram a ver o professor de uma forma diferente. Muito além da sala de aula. Descobriram nas aulas remotas que por trás do título de mestre tinha um ser humano com medos, frustrações e insegurança como todos nós.
Aos 68 anos de idade, a professora de matemática Débora Meneghetti jamais imaginou viralizar na internet. Ainda mais chorando. Em mais de 40 anos de profissão, a professora se atrapalhou ao tentar a primeira aula online.
Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Educação com profissionais da redes públicas de ensino apontou que 9 em cada 10 professores não tinham experiências ministrando aulas não presenciais. Apenas 28,9% dos entrevistados disseram ter facilidade para o uso de tecnologias.
Alcione, professora da rede municipal de Olinda, se endividou ao comprar um celular novo para continuar dando aulas mas, apesar desse esforço, esbarrou na dificuldade dos estudantes de acessar tecnologias.
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Uma pesquisa identificou que a pressão, a falta de estrutura e a sobrecarga afetaram a saúde mental de 72% dos professores pesquisados. Houve relatos de aumento de ansiedade e depressão. Para especialistas, a persistência da maioria em continuar ensinando foi fundamental para a educação durante a pandemia.
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“Essa pandemia nos ensinou que o que vai ficar aqui é o que a gente vai ensinar, o que a gente contribui para a vida. Não é apenas aprender a ler, não é apenas aprender matemática. É um cidadão que eu estou ajudando a formar, que eu estou dando direcionamento para que ele tenha uma vida. Para que ele alcance seus objetivos. É muito mais que saber ler, saber alfabetizar. Então hoje a gente vê um contexto mais amplo da educação e vê o quanto ela é crucial, o quanto ela é importante e ver quanto nossos alunos dependem da gente. Porque educação é uma missão", comenta a professora Ana Paula.
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