O avanço da pandemia de covid-19 no Brasil, somado à chegada de novas variantes da doença e ao ritmo lento de vacinação, intensifica a preocupação de autoridades sanitárias, dentro e fora do país.
Paralelo a esse cenário, um estudo recente realizado pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) aponta que crianças e adolescentes com comorbidades, hospitalizadas devido à infecção por Sars-CoV-2, estão mais propensas a desenvolver o quadro mais grave da patologia.
De acordo com o estudo, o risco de mortalidade é intensificado, quando pacientes desse grupo estão inseridos em contextos demográficos e socioeconômicos desfavoráveis.
Ou seja, 75% das crianças e adolescentes que vivem em cidades menos desenvolvidas não resistem à doença.
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Para os pesquisadores, os resultados reforçam a urgência de implementar uma política de saúde pública eficaz, além da adoção de novas estratégias de vacinação no país.
Em entrevista ao SBT News, a infectologista Rosana Ritchmann, do Hospital Emílio Ribas e do comitê de imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), afirmou que existe uma preocupação acentuada com esse grupo.
No entanto, a quantidade de crianças e adolescentes contaminadas pelo novo coronavírus seja inferior à população adulta.
"Sem dúvida alguma, o número de crianças infectadas com a covid-19 é menor, quando comparado aos adultos. Por isso, elas estão no último grupo a ser estudado e vacinado."
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não recomenda a vacinação de crianças e adolescentes. Segundo a entidade, o risco desse grupo desenvolver os sintomas mais graves da doença é menor.
"Proteja eles (adultos) primeiro, porque queremos reduzir as taxas de letalidade. Depois, gradualmente, iremos por faixa etária, até chegar às crianças", explicou Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS.
Para a pediatra e cientista indiana, somente crianças que possuem comorbidades deveriam entrar nos grupos de prioridade devido à suscetibilidade.
"Temos uma quantidade limitada de doses, precisamos usá-las para proteger os mais vulneráveis", complementou.
O infectologista Hemerson Luz, do Hospital das Forças Armadas em Brasília, revela que crianças com até dois anos podem apresentar sintomas mais graves da doença.
"Já as crianças mais velhas e adolescentes podem ter manifestações semelhantes a dos adultos, mas com o desenrolar diferente. Geralmente os sintomas são mais digestivos do que respiratórios."
Além da dor de garganta, febre e tosse seca, crianças podem apresentar sintomas gastrointestinais, como dor de barriga, diarreia e vômitos.
"É necessário fazer uma investigação, pois crianças podem desidratar, devido aos sinais digestivos, e isso pode ser uma descompensação clínica importante", ressaltou.
Ainda segundo o infectologista, a covid-19 em crianças pode desencadear alterações vasculares e inflamações que ocorrem nos vasos sanguíneos:
"Elas podem culminar em lesões cardíacas, renais e outras manifestações mais complicadas".
A Agência Nacional de Vigilância anunciou, na última sexta-feira (11), que a vacina da Pfizer está autorizada a ser aplicada em crianças a partir de 12 anos, no Brasil. Com a medida, a bula do imunizante será alterada para acrescentar o novo grupo.
Em nota, a Pfizer/BioNTech anunciou que a vacina demonstrou eficácia de 100% em estudo clínico com jovens dessa faixa etária.
Os ensaios de fase 3 foram realizados em 2.260 adolescentes, nos Estados Unidos, e apresentaram respostas robustas na produção de anticorpos.
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Questionado pelo SBT News sobre as perspectivas de vacinação para essa faixa etária, o Ministério da Saúde afirmou que essa questão será debatida na Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis.
Segundo a pasta, a "prioridade é vacinar todos os grupos prioritários estipulados pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação" e a população acima de 18 anos.
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