Com informações do repórter Filipe Farias, do JC Online
Metroviários do Recife decidiram, em assembleia realizada na noite desta quinta-feira (19), prolongar o estado de greve, decretado na quarta-feira passada (11).
A assembleia aconteceu na estação central do Metrô do Recife. A categoria deve se reunir novamente na próxima quinta (26) para uma nova assembleia, onde vão decidir pela paralisação geral do Metrô do Recife, ou não.
A decisão dos metroviários é uma reação à concessão pública do sistema de metrô da cidade, que já foi definida pelo governos de Pernambuco e federal.
“Iremos fazer um grande movimento na sede da CBTU. Temos conversas com senadores e líderes e também estamos articulando audiência pública no Congresso. Precisamos também conversar com o governador sobre essa proposta (de privatização). São muitos caminhos, e é essencial fazer uma propaganda massiva para a população entender que a privatização não resolve o problema do metrô. O governo federal precisa se comprometer com investimento e custeio do sistema, além da tarifa social. A população está necessitada de um metrô de qualidade", declarou o presidente do SindMetro, Luiz Soares.
De acordo com o presidente do sindicato, a operação do Metrô do Recife segue normal até que a próxima assembleia seja realizada. "A partir das 5h até as 23h. A categoria acha que precisa ser responsável com a população. O que a gente quer é que o metrô funcione com qualidade", completou.
Uma das principais queixas dos metroviários é relativa ao sucateamento do metrô, que estaria sofrendo pela falta de verba para manutenção e modernização dos equipamentos de transporte. A outra contestação é de que a categoria estaria abandonada pelo poder público.
A categoria quer que o governo de Pernambuco desista da estadualização, etapa que viria antes da transferência da gestão e operação do Metrô do Recife para a iniciativa privada.
A determinação, no entanto, é legal. Apenas o Estado pode submeter o sistema a uma concessão pública - não se define como privatização porque o metrô não seria vendido, repassado de vez para um gestor privado. Seria um regime de concessão, a princípio, que duraria 30 anos.
Os funcionários do metrô temem, ainda, a exoneração semelhante a que está acontecendo no Metrô de Belo Horizonte, também gerido pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e que está em processo de concessão pública.
Os metroviários mineiros teriam somente um ano de estabilidade após a transferência do metrô para a gestão privada. E entre os sindicalistas, se sabe que todos os metrôs concedidos, pelo menos 40% da mão de obra é dispensada - mesmo sendo uma mão de obra extremamente qualificada.
Estiveram presentes na assembleia dos metroviários o deputado estadual João Paulo (PT) e o deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB), que fizeram um discurso em apoio a causa da categoria.
“O governo federal tem de garantir e financiar um metrô de qualidade para a população, que já é tão pobre. Sou solidário a vocês e respeitarem a decisão de vocês”, disse o petista.
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