O texto com as novas regras da aposentadoria já está no Senado e deve começar a valer, em até dois meses. Quem nunca contribuiu pode levar mais tempo para se aposentar, por causa da reforma. O advogado previdenciário Paulo Perrazo chamou a atenção dos trabalhadores para esse detalhe.
"Essa reforma da Previdência está cheia de 'cascas de banana'. O alerta é para os homens, mulheres não precisam se preocupar. Se ele [um homem] fizer a primeira contribuição após a reforma, ele vai precisar de 20 anos de contribuição", alertou o advogado. "Os homens que pagarem uma única contribuição, antes da reforma, vão se aposentar precisando apenas de 15 anos de contribuição", acrescenta.
Pouco antes de ler a PEC no plenário da Casa, ato que dá o sinal verde para que a matéria começe a tramitar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Alcolumbre disse aos jornalistas que o cronograma de tramitação no Senado será definido pelo colégio de líderes na semana que vem. Ainda de acordo com ele, o prazo mínimo de 45 dias não será atropelado.
Rodrigo Maia aproveitou a entrega da PEC para destacar o momento importante em que, segundo ele, o discurso fácil e o populismo saem da agenda do Congresso Nacional. De acordo com Maia, as reformas em discussão no Congresso vão construir as condições para que sejam reduzidas as desigualdades, a pobreza e para que o país tenha mais eficiência da gestão pública.
“Uma reforma forte, sinaliza para a sociedade, responsabilidade, racionalidade e compromisso com as futuras gerações”, acrescentou. Rodrigo Maia afirmou ainda que o sistema previdenciário brasileiro é um dos responsáveis pelas desigualdades no país, onde poucos se aposentam com muito.
Sobre temas que os deputados retiraram da proposta original, como a inclusão de estados e municípios e o sistema de capitalização, o presidente da Câmara disse que espera que o Senado possa introduzir pontos que, segundo ele, a Câmara não teve condições de avançar.
“Acho que a questão dos estados é um tema se não hoje, amanhã, vai precisar ser tratado pelo Parlamento [...] estados e municípios estão em situação pre-falimentar. Tenho certeza que a capitalização se não vier agora, [ virá] em um [outro] momento, em um sistema híbrido que garanta a poupança individual de cada um”, avaliou o presidente da Câmara.
Maia demostrou apoio à intenção do relator do texto no Senado de discutir a questão dos estados em uma proposta de emenda à Constituição paralela. Segundo ele, se esse texto ganhar apoio dos governadores das 27 unidades da federação, também chegará forte à Câmara com chances de aprovação.
Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, destacou que a Casa não se furtará do debate sobre a situação dos estados e municípios. “A gente sabe da importância dessa emenda constitucional para o Brasil, para o ajuste das contas do Estado brasileiro que há muitos anos não tem condições de investimento porque o Estado gigante consome todos os recursos para o custeio dessa máquina”, disse Alcolumbre.
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