Origem de óleo que atingiu litoral brasileiro há quase um ano ainda é um mistério

Manchas de óleo atingiram todos os estados do Nordeste e dois estados do Sudeste
Ísis Lima
Publicado em 29/08/2020 às 11:54
Manchas de óleo chegam a uma das principais praias do litoral nordestino, a dos Carneiros Foto: Bruno Campos/JC Imagem


Prestes a completar um ano, o maior desastre ambiental no litoral brasileiro tem muitas perguntas e poucas respostas. As manchas de óleo atingiram 130 municípios entre os nove estados do Nordeste e dois do Sudeste.

A Marinha finalizou a primeira parte das investigações sem revelar a origem exata do derramamento. A principal hipótese é de que o petróleo entrou em contato com o mar a uma distância de 700 quilômetros da costa brasileira. Além disso, o combustível teria circulado submerso por 40 dias até surgir nas praias.

A Polícia Federal recebeu o dossiê da Marinha e prossegue com as investigações do inquérito criminal.

Impactos

O comitê da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) “SOS Mar” realizou uma pesquisa que aponta 350 mil pescadores afetados pelo vazamento no Nordeste.

A Fundação Joaquim Nabuco elaborou um estudo socioambiental e econômico relacionado as manchas de óleo. Quatro mil pessoas dos nove estados da região foram entrevistados e os resultados são preocupantes.

A perda da renda dos pescadores artesanais chegou a 42% em média e entre os ambulantes 82%. O coordenador do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados da Fundaj, Neison Freire, alerta que os impactos ao meio ambiente continuam. “Esses grupos que nós entrevistamos foram diretamente impactados pelo petróleo – pescadores artesanais, marisqueiras, donos de bares, restaurantes, hotéis, pousadas, ambulantes. O que nós percebemos é que houve um grande impacto ao meio ambiente, que ainda persiste. Mas também impactos econômicos e sociais, principalmente para as populações de alta vulnerabilidade social. Aquelas pessoas que já vinham de uma situação precária, tanto de habitabilidade quanto econômica e financeira, que foram agravadas por estarem impossibilitados de exercerem suas atividades (...) e agora se sobrepõe um novo desastre que é a pandemia da covid-19”, destacou.

Neison freire afirma que a investigação cientifica têm que ir até o fim e identificar a origem do problema. "É uma questão muito complexa. Eu acho que [a pesquisa] precisa continuar porque os danos foram enormes e não podemos admitir que isso ocorra novamente. Como não sabemos a origem, não sabemos que quantidades vazaram e se o que apareceu representa a metade, por exemplo, do que vazou. Não sabemos se algo mais está por vir. Essas dúvidas devem ser respondidas pela ciência, pela pesquisa", completou.

Voluntários retiram manchas de óleo do litoral pernambucano - FOTO:Bruno Campos/JC Imagem
Grupo trabalha para retirar o óleo na foz do Rio Persinunga, na divisa entre Pernambuco e Alagoas - FOTO:Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Depois de chegar em Alagoas, manchas de óleo seguiram para São José da Coroa Grande (PE) - FOTO:Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Manchas de óleo invadem Praia dos Carneiros, em Tamandaré - FOTO:Bruno Campos
Manchas de óleo chegam a uma das principais praias do litoral nordestino, a dos Carneiros - FOTO:Bruno Campos/JC Imagem
Visão da Praia dos Carneiros, em Tamandaré - FOTO:Bruno Cezar
Óleo recolhido da Praia dos Carneiros, em Tamandaré - FOTO:Jefferson Nascimento/TV Jornal Interior
Voluntários atuam na Praia dos Carneiros, em Tamandaré - FOTO:Bruno Campos/JC Imagem

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