Pesquisa da NTU defende que não há relação entre uso de ônibus com aumento de casos do novo coronavírus

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos lançou uma nota técnica e concluiu que não existe ligação direta com o novo coronavírus
Robert Sarmento
Publicado em 16/09/2020 às 17:04
Transporte público lotado pode ajudar na propagação do novo coronavírus, afirma infectologista Foto: Bruno Campos/TV Jornal


Entre o final do mês de fevereiro e março de 2020, o Brasil começou a se preocupar com os casos diários do novo coronavírus. Em relação aos meses do novo coronavírus no país, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos lançou uma nota técnica, nesta quarta-feira (16), para afirmar que não pode comprovar o aumento dos casos de coronavírus com o uso de transporte coletivo (ônibus).

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Em Pernambuco, por exemplo, o governo estadual considerou o mês de maio como o pico da pandemia e decretou o lockdown (isolamento social) em todo o Estado. Alguns meses depois, várias atividades estão voltando ao normal, mas ainda existe a preocupação com a possibilidade dos casos do novo coronavírus voltarem a crescer.

Conclusões da NTU

A nota técnica da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos afirma que aponta que não há relação direta entre o transporte coletivo e o aumento do número de casos do novo coronavírus durante o decorrer dos meses da pandemia da covid-19. As informações foram compartilhadas com a imprensa e também publicadas no site da NTU.

  1. Suposta ligação entre o uso do transporte coletivo e o aumento dos registros de casos do novo coronavírus não pode ser comprovada;
  2. Existe o risco de contágio do novo coronavírus no transporte público como em qualquer outro ambiente (supermercados, restaurantes, escritórios, etc.);
  3. Estudos científicos existentes sobre propagação de vírus apontam para existência de variedade dos padrões de contágio e um alto nível de heterogeneidade entre eles;
  4. Risco de contágio do novo coronavírus pode ser substancialmente reduzido caso sejam adotadas medidas preventivas: o uso de máscaras; limpeza diária dos veículos; controle de pessoas assintomáticas; aumento dos níveis de ventilação.
  5. Outras medidas viabilizadas pelo poder público: o Plano de retomada de atividades; gestão da demanda/Escalonamento das atividades laborais; promoção de iniciativas de distanciamento social o Medidas de higienização; campanhas informativas de conscientização

Recife e Região Metropolitana

De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, considerando os dados da imagem abaixo, dois momentos distintos são percebidos para o caso do sistema metropolitano de transporte coletivo por ônibus de Recife, que atende também outras 13 cidades. São eles:

  • A partir da 14ª até a 22ª semana epidemiológica: estabilização das viagens realizadas em torno de 2 milhões de deslocamentos/semana e aumento dos casos confirmados do novo coronavírus;
  • Da 23ª até a 30ª semana epidemiológica: crescimento da quantidade de viagens realizadas, atingindo mais de 3,0 milhões na 29ª semana, com queda do número de casos confirmados do novo coronavírus.

Levantamento da Urbana-PE

No mês de agosto, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) divulgou um levantamento semelhante e afirmou que o transporte público não era vetor do novo coronavírus. Na ocasião, a Urbana-PE teve como base as informações de um projeto da Prefeitura do Recife que mostra a relação entre a quantidade de pessoas que usa o transporte público na Região Metropolitana do Recife e o número de óbitos e casos de coronavírus, entre os dias 24 de maio até 31 de julho.

Infectologista discorda

O infectologista, Bruno Ishigami, na época da pesquisa da Urbana-PE, discordou da conclusão e explicou sobre o papel da aglomerações nos transportes públicos na propagação o novo coronavírus, mesmo com a determinação dos órgãos de saúde, para manter o distanciamento social de mínimo 1,5 metro como medida de prevenção.

‘’A gente vive com ônibus superlotados e isso pode ser sim um fator importante (para o novo coronavírus). É uma área abafada, com muita gente, muita gente uma perto da outra, muitas superfícies de contato, mas desde que a gente consiga respeitar as medidas de distanciamento social, que a gente consiga garantir que os passageiros não fiquem um em cima do outro, garantir que os passageiros vão estar usando máscaras o tempo todo. Então assim, a gente ainda tem que ter muito cuidado’’, explicou o infectologista, Bruno Ishigami.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização.
  • Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
  • Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

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