O Primeiro Impacto Pernambuco desta segunda-feira (20) mostrou a situação do vulcão Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias, na costa da África. O vulcão entrou em erupção, nesse domingo (19), mas não provocou tsunami no Brasil, como estava sendo espalhado.
Especialistas já haviam avisado e seguem ressaltando que o risco é mínimo, seria necessária uma erupção muito extraordinária para que isso acontecesse.
O vulcão estava adormecido há décadas e começou a dar sinais de atividade moderada nos últimos dias. Confira a cobertura do Primeiro Impacto Pernambuco, nesta segunda-feira (20), a partir do minuto 50':
A expectativa era de que a erupção pudesse provocar um tsunami capaz de atingir o Norte e Nordesde do Brasil. A informação de alerta foi do portal Metsul Meteorologia.
Entre as capitais do Nordeste, o Recife seria uma das mais atingidas. De acordo com meteorologistas, somente uma grande erupção provocaria um tsunami que atingisse a costa do Brasil, uma possibilidade muito remota.
Foi em 2001, há 20 anos, que dois dos maiores pesquisadores do mundo, Steven Ward, do Instituto de Geofísica da University of Califórnia (EUA), e Simon Day, do Departamento de Ciências Geológicas da University College, de Londres (Inglaterra), levantaram a hipótese do vulcão Cumbre Vieja causar um tsunami que poderia atingir o Brasil.
Na época, os dois chegaram a publicar um artigo científico alertando diversos países do Atlântico sobre a possibilidade. Para isso, eles realizaram o mapeamento da atividade sísmica, do histórico de erupções, das correntes marítimas e de diversos outros pontos relacionados ao fenômeno.
Contudo, de acordo com os pesquisadores, as últimas erupções do Cumbre Vieja ocorreram nos anos de 1949 e 1971 e, em nenhuma das vezes, a erupção causou problemas relacionados a tsunamis.
>> AO VIVO: Veja a erupção do vulcão de Cumbre Vieja, que pode causar tsunami no Nordeste
Na simulação de erupção explosiva feita por Steven Ward e Simon Day, há 20 anos, a área de impacto de 250 km de diâmetro seria capaz de produzir tsunamis em diversas direções e "várias ondas de centenas de metros de altura atingiriam as costas das três ilhas mais a oeste da cadeia das Canárias."
De acordo com a pesquisa, em apenas 15 a 60 minutos, as Ilhas Canárias seriam atingidas por ondas de 50 a 100 metros de altura. Já no Brasil, em até nove horas, essas ondas chegariam.
"As vanguardas do tsunami (10 m) atingiriam, inicialmente, a América do Norte. Simultaneamente, ondas maiores (15-20 m) chegariam à costa norte da América do Sul. Nossos modelos de computador preveem que as ondas do tsunami, de 10 a 25 m de altura, serão sentidas em distâncias transoceânica, abrangendo a maior parte da bacia do Atlântico", disseram.
Para Marcelo Rocha, mestre em ciências ambientais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o risco desse fenômeno atingir o Brasil é mínimo.
"Pelas imagens que vi, o que ocorreu foi uma erupção efusiva, só derramamento de lava e fumaça. Para um tsunami atingir a costa brasileira, necessitaria de uma erupção explosiva, quando todo o material seria despejado de uma só vez", explica o especialista.
De acordo com Rocha, ao contrário do que pode parecer, as chances de um tsunami atingir o Brasil ficaram mais remotas.
"Teria que ser um evento catastrófico, sem precedentes, para atravessar todo o oceano e chegar ao Brasil", afirmou. Com isso, não há motivos para pânico, enfatiza o profissional.
No entanto, o especialista reforçou a importância de monitorar a evolução da situação. "É importante acompanhar a evolução da erupção e analisar se se mantém estável", ponderou o especialista.
A professora Tereza Araújo, do Departamento de Oceanografia, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explicou que existe uma possibilidade, mas bem pequena, sem motivo para pânico. "O vulcão ter registrado atividade não significa que ele de fato vá entrar em erupção, nem que irá um tsunami que irá atingir o Brasil", acrescentou.
O tsunami, que provoca ondas gigantes, é um fenômeno que pode atingir, em média, uma altura de 150 metros, que irá variar de acordo com a intensidade.
Elas podem percorrer milhares de quilômetros, atingindo velocidade de, aproximadamente, 700km/h. O tsunami é mais comum em áreas com instabilidade tectônica.
À reportagem do JC, a professora explicou que, na maioria das vezes, o tsunami acontece em decorrência de um terremoto, que libera muita energia de uma vez, que pode se propagar e só perder a energia quando chega à costa.
No entanto, é importante lembrar que nem todo terremoto gera uma onda gigante.
"A probabilidade de um tsunami ocorrer em decorrência de um terremoto é bem maior que a de um vulcão, mas não é motivo para medo. Tremores de terra foram constatados em Natal e Fortaleza, recentemente, e nenhum deles provocou ondas gigantes", completou a professora.
O Brasil está posicionado no centro de uma placa tectônica, a sul-américa, isso faz com que em seu território quase não haja perigo de atividades decorrentes de abalos sísmicos (tsunamis ocorrem, geralmente, por causa de terremotos).
No entanto, uma erupção vulcânica no Cumbre Veija - considerada difícil de acontecer - poderia colocar em risco essa estabilidade. Por isso, especialistas alertam para que a população fique atenta e vigilante ao monitoramento da atividade vulcânica e sísmica.
Em 2017, um trabalho da Universidade Federal do Paraná (UFPR), conduzido pelo geólogo Mauro Gustavo Reese, alertou para os efeitos, na costa brasileira, dos processos vulcânicos e dos movimentos de massa na Ilha de La Palma.
O especialista afirma que o Brasil não está preparado para qualquer tipo de tsunami, e que é necessário que o país tome medidas preventivas quanto ao evento. No estudo, o geólogo aponta os estados do Norte e Nordeste como os mais afetados.
"Os danos resultantes das ondas na costa brasileira seriam grandes, devido ao despreparo do país. Todo o ambiente costeiro seria afetado, perdas humanas ocorreriam, perdas materiais, e prejudicariam o turismo nas regiões", alertou o geólogo.
"A devastação causada seria o primeiro impacto para a população, isso somado ao despreparo e falta de agilidade do país, resultaria em meses para a recuperação dos danos na infraestrutura", analisou Reese, ressalvando, porém, "que as chances de ocorrência são remotas e longínquas".
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