Uma por Uma

Mulheres são levadas para a criminalidade e tratadas como descartáveis

TV Jornal
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Publicado em 01/05/2018 às 11:30

-Reprodução/TV Jornal

Das 77 mulheres assassinadas no primeiro trimestre deste ano, 20 tinham ligação direta com o tráfico de drogas e outras 11 tinham ligação indireta, segundo dados da polícia. Mais da metade das 1.447 mulheres presas no Estado, foi parar na cadeia por causa do tráfico de drogas.

Na maioria das vezes, as mulheres são levadas para o mundo do crime pelos companheiros, e quando elas não são assassinadas, são abandonadas por eles. Os dados estão na plataforma Uma por Uma, do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC).

Um caso desse tipo aconteceu em uma casa simples, na Comunidade dos Bancários, em Olinda, terminando no assassinato de três mulheres. Quatro homens encapuzados, invadiram o imóvel e atiraram nas mulheres que estavam lá dentro. Angela Maria da Conceição, de 48 anos, ainda tentou se esconder, mas foi morta com vários tiros.

A filha dela, Rejane Gomes da Silva, de 16, e a amiga delas, Natali dos Santos Silva, de 18, que estava grávida de 6 meses, também foram brutalmente assassinadas. Um crime que chocou os moradores do bairro do Bonsucesso, onde o assassinato aconteceu, em janeiro deste ano.

Entrada no tráfico

A entrada das mulheres no mundo do tráfico as torna mais vulneráveis aos assassinatos, e os motivos que levam essas mulheres ao mundo dos crimes, muitas vezes, estão ligados aos parentes ou companheiros.

"Ela é cooptada pelo parceiro, pelo irmão, para esconder droga em casa, para ser mula. Para ser parceira. O último grau que essa mulher pode ascender no mundo da criminalidade é ser mulher do traficante. Muitas vezes é assassinada em represália a este homem. Então a mulher é vitimizada em vários níveis, tanto quanto suspeitos ativos e passivos dessa cadeia", explica Camila Fernandes, mobilizadora da Rede Meu Recife.

Quando não são mortas, as mulheres do tráfico vão parar nos presídios. E lá, são abandonadas de vez por aqueles que as colocaram na criminalidade.

Uma por Uma

O projeto Uma Por Uma, do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), tem o intuito de contabilizar casos de violência contra a mulher em todo Pernambuco. Todas as histórias de mulheres vítimas de feminicídio no Estado serão contadas ao longo do ano por uma equipe de 26 jornalistas. Além de reunir as informações como um banco de dados e acompanhar caso por caso até o julgamento, o projeto atuará também como um serviço para a sociedades e outros órgãos, podendo ser acessado pelo link: www.umaporuma.com.br.

Próxima reportagem

A próxima reportagem vai mostrar a dor de quem foi vítima de violência praticada por aquele que um dia foi um companheiro, e que tem de conviver com as marcas da agressão. A matéria será exibida nesta quarta-feira (2), no Notícias da Manhã, às 7h30, e no TV Jornal Meio Dia, às 11h40.

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