Coronavírus

USP: 'SUS estava potencialmente preparado para situação de pandemia'

Para o professor Ricardo Teixeira, um sistema abrangente e universal como o SUS, com tantos níveis de atenção, coloca o Brasil na frente de muitos países

Jornal da USP
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Publicado em 07/07/2020 às 8:24
Divulgação PCR / Andrea Rego Barros
FOTO: Divulgação PCR / Andrea Rego Barros

Neste momento de crise sanitária, o Sistema Único de Saúde (SUS) se apresenta como uma forma de combate e prevenção ao coronavírus.

Ricardo Rodrigues Teixeira, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina (FM) da USP, contou ao Jornal da USP no Ar como o sistema público tem funcionado, suas fragilidades e seus aproveitamentos.

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Brasil à frente

O fato de no Brasil existir um sistema tão abrangente e universal como o SUS já indica, segundo ele, que o Brasil está à frente de muitos países. “O SUS envolve diversos níveis de atenção, mas também ações de caráter coletivo, como a vigilância epidemiológica”, explica Teixeira.

“Não podemos ignorar que o sistema estava bastante fragilizado, mas estávamos potencialmente preparados para uma situação de pandemia. A Organização Mundial da Saúde decreta emergência em 30 de janeiro e, no dia três de fevereiro, o Brasil também decreta emergência sanitária. Isso demonstra prontidão nos nossos sistemas.”

Dimensões da rede do SUS

Apesar de o SUS apresentar um sistema que contempla todos os níveis de assistência, há uma cultura, segundo o professor, de se associar a saúde imediatamente ao ambiente hospitalar e à alta tecnologia. “Esse quadro é importante, mas retrata apenas uma dimensão.

O SUS dispõe também de uma rede ainda mais capilarizada e extensa que a nossa rede hospitalar, porque oferece atenção primária à saúde, o que identificamos nos postos de saúde. Estes são a porta de entrada principal do SUS”, explica.

Colapso no sistema de saúde

Teixeira comenta sobre um possível colapso do sistema de saúde, um dos temores que se tinham. “A ideia de achatar a curva é justamente que não leve muitos casos se apresentando ao mesmo tempo, de forma que ele não dê conta”, aponta o especialista.

Flexibilização do isolamento social

Ele ainda critica o relaxamento do distanciamento social que se vê em São Paulo, dizendo que, “ao colocar a disponibilidade de leitos como critério para a flexibilização, é como se dissesse que, como não faltam leitos, as pessoas podem se infectar. Neste momento, a atenção primária passa a ter um ponto estratégico”.

Prevenção

O professor explica que ainda há o que fazer na esfera da prevenção, já que até mesmo o tratamento se insere em uma lógica de prevenção. “Neste momento”, ele aponta, “entra a atenção primária, com duas grandes estratégias de resposta: o distanciamento social, que diminui o contato entre pessoas e o contágio, e a vigilância epidemiológica, que é uma estratégia focada em indivíduos já infectados”. Nessa estratégia, segundo ele, a equipe de atenção primária procura identificar os contatos íntimos do paciente infectado para fazer o bloqueio da epidemia a partir dos casos identificados.

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

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A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização.
  • Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
  • Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada: