Moradores vizinhos ao Complexo Prisional do Curado, localizado na Zona Oeste do Recife, prometem resistir à desapropriação dos imóveis imposta pelo Governo do Estado, no último dia 7 de abril, em publicação no Diário Oficial. Com cartazes nas mãos, eles se reuniram na Rua Santana de Ipanema, na tarde desta quarta-feira (13), para questionar o decreto 42.862 e discutir o assunto com o promotor da Vara de Execuções Penais de Pernambuco, Marcellus Ugiette.

As especulações sobre a desapropriação de 50 casas ganhou força depois da explosão de uma bomba no muro do Presídio Frei Damião de Bozzano, que terminou com a fuga de mais de 40 presos. Mas, de acordo com os moradores, eles nunca foram procurados oficialmente pelo Governo. “O pessoal não quer sair daqui. Nós não invadimos. Temos documentos e escrituras”, contou o motorista Adaílton Francisco, que mora há 36 anos no bairro.

“O presídio é que deve sair. Se quiser, eles tiram o presídio, mas os moradores não. Por que o dinheiro que está sendo investido daria para construir outro fora”, questiou o aposentado Antero Amaro, se referindo ao decreto que pretende transformar em área de utilidade pública as casas de sete ruas no entorno do Complexo do Curado. A justificativa é ampliar a área de segurança e facilitar a passagem de viaturas policiais.

Durante a reunião dos moradores, o promotor Marcellus Ugiette, que também é a favor da desativação da unidade prisional, ouviu as reclamações e orientou que todos procurem outras instituições. “Acho que é preciso formar comissões, conversar com a OAB, Defensoria Pública, Ministério Público... para que todos nós, juntos, encontremos uma solução. O que não pode é simplesmente desapropriar", concluiu o promotor. Os moradores afetados não descartam acionar a justiça para permanecer nas casas.