Violência

Feminicídio: mortes de mulheres têm origem na "cultura do machismo"

TV Jornal
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Publicado em 07/04/2017 às 9:50

-Reprodução/TV Jornal

Os assassinatos recentes de mulheres, como a morte da fisioterapeuta Tássia Mirella Sena de Araújo, 28 anos, dentro do apartamento onde morava, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, engrossam uma estatística que tem colocado o Brasil em uma posição onde é perigoso ser do sexo feminino. O país é o quinto lugar no mundo onde se matam mais mulheres. O machismo é apontado por especialistas como a principal origem dos casos de feminicídios.

O assassinato de Mirella Sena foi um exemplo claro de como as mulheres estão expostas ao mais conservador do pensamento machista, segundo a análise da socióloga e educadora Sílvia Camurça, que faz parte da Instituição SOS Corpo. "É como se toda mulher sozinha estivesse disponível. Se você mora só e não tem um 'homem' para cuidar de você, qualquer outro tem o direito de ter acesso ao seu corpo. Esse é um pensamento muito machista e que está na cabeça de alguns homens", pontua a socióloga.

O endurecimento das leis, apontado por algumas mulheres como uma saída para inibir as atitudes de homens que conservam um pensamento machista, é defendido pela educadora Sílvia Camurça. "A mudança requer justiça, como não deixar impune crimes bárbaros como esse (de Mirella Sena). Com uma maior ação, aqueles que mantém pensamentos assim (machistas) vão temer pelo seu futuro", conclui.

-Fotos: Bobby Fabisak/JC Imagem

Feminicídio

O comerciante Edvan Luiz da Silva, 32 anos, foi apontado pela polícia, durante o detalhamento da morte da fisioterapeuta Mirella Sena, como um homem que não suportou ter o desejo negado. O ataque à vítima, dentro do apartamento onde ela morava, teria partido de uma vontade imposta pelo desejo sexual.

O crime se tratou de um típico caso de feminicídio que provocou reações e repúdio na sociedade, reverberando nas redes sociais. De acordo com as estatísticas da Secretaria de Defesa Social (SDS), nos dois primeiros meses de 2017, 58 casos de crimes ligados ao feminicídio foram registrados. No ano de 2016, foram 280.

Nas ruas do Centro do Recife, o contexto familiar e a criação do homem são apontados pela população como a principal causa dos crimes.

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