Habeas Corpus

Advogado de suspeitos de matar médico em Aldeia questiona prisão

TV Jornal
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Publicado em 10/07/2018 às 8:38

-Reprodução/TV Jornal

O advogado dos suspeitos pela morte do médico Denirson Paes, em Aldeia, Camaragibe, no Grande Recife, continua reunindo documentos para solicitar à justiça a soltura dos dois suspeitos. A farmacêutica Jussara Paes e do filho mais velho do casal, o engenheiro civil Danilo Paes, estão presos por força de um mandado de prisão provisória.

O advogado foi até a Delegacia de Camaragibe para analisar o requerimento feito pela delegada responsável pela investigação do crime e a decisão da justiça de prender os suspeitos. De acordo com Alexandre Oliveira, o pedido de habeas corpus dos suspeitos da morte do cardiologista deve ser pedido nesta terça (10) ou quarta-feira (11). O advogado tentou acessar todos os autos do caso, mas não conseguiu, por isso a demora em pedir o relaxamento da prisão.

O advogado questiona também a decisão da delegada Carmem Lúcia, titular da delegacia, que solicitou à justiça a prisão temporária dos suspeitos. "Pede a prisão temporária fundamentando que, se soltos, eles iriam atrapalhar a investigação criminal. Só que, desde o início, eles colaboraram. Em nenhum momento eles dificultaram o trabalho da polícia", afirmou.

Alexandre Oliveira acredita que uma terceira pessoa possa ter cometido o crime, e por isso, vai contratar uma perícia particular para ajudar nas investigações. Ele ainda está em busca do comprovante de conclusão de curso de Danilo Paes, em engenharia civil, para dar entrada no presídio pedindo cela especial para os que têm estudo em nível superior.

Audiência de custódia e prisão

A esposa e o filho do médico Denirson Paes da Silva, 54, que foi encontrado morto dentro de um poço em um condomínio em Camaragibe tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça no início da tarde da última quinta-feira (5). Durante a manhã, os suspeitos, que foram autuados por ocultação de cadáver e homicídio qualificado, passaram por audiência de custódia no Fórum de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.

Os suspeitos, a farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes e o engenheiro civil Danilo Rodrigues Paes, inicialmente haviam sido liberados, durante audiência de custódia, para responder em liberdade e tinham sido isentos da aplicação da fiança no valor de R$ 954 mil, para cada um.

Ao final da sessão, a Polícia Civil chegou ao Fórum com um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. Mãe e filho serão levados para a delegacia de Camaragibe. Em seguida, foram submetidos a exames no Instituto de Medicina Legal (IML). Jussara Rodrigues da Silva Paes seguiu para a Colônia Penal Feminina Bom Pastor, no Recife, e Danilo Paes para o Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel).

Ocultação

O corpo, que apresentava sinais de esquartejamento e tinha partes parcialmente queimadas, foi encontrado em uma cacimba de aproximadamente 25 metros. De acordo com o perito Fernando Benevides, a equipe do IC encontrou o cadáver após desconfiar de uma construção recente.

A cacimba estava fechada com uma tampa espessa que tinha sido recentemente construída. Em cima dela, foram colocados dois vasos pesados, o que para a Polícia Civil indica uma clara tentativa de ocultar a saída de gases provenientes da decomposição do corpo.

Quando a tampa foi quebrada, os peritos relataram um odor característico da decomposição de matéria orgânica. Dentro do poço foram encontrados inicialmente metralhas, areia e um produto químico que seria cloro. O material seria uma tentativa de inibir o mal cheiro gerado pelo corpo em decomposição. Após o Corpo de Bombeiros cavar o fundo do poço que não possuía água, foram identificados partes de um cadáver humano. O trabalho continuou nesta quinta-feira, quando outras partes foram retiradas.

Dois funcionários que trabalhavam na casa prestaram depoimento à polícia. Um deles relatou ter sido acionado pela farmacêutica para tampar a cacimba. Sentindo um cheiro forte e a presença de moscas, o encarregado teria questionado a mulher sobre o que havia dentro do poço e ela teria respondido que um gato havia morrido no local. Os trabalhadores também relataram que a mulher pediu que uma determinada área, onde o lumiol detectou a presença de sangue, fosse lavada várias vezes nos últimos dias.

Linha do tempo do crime

- 30/05 - Cancelamento da viagem para EUA (que aconteceria dia 02/06). O médico, inclusive, solicita à sua secretária que a agenda no consultório particular fosse mantida.
- 31/05 - Desaparecimento;
- 12/06 - Suspeita manda funcionário confeccionar tampa para a caçima e o mesmo identifica um forte odor e moscas saindo do local. A mulher argumenta que jogou um gato morto dentro do poço.
- 20/06 - Registro do desaparecimento na Delegacia de Camaragibe;
- 03/07 - Representação pelo Mandado de Busca e Apreensão;
- 04/07 - Restos mortais são encontrados na cacimba da casa da família;
- 04/07 - Autuação em flagrante por ocultação de cadáver;
- 05/07 - Decretação da prisão temporária por homicídio qualificado e ocultação;

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