SAÚDE

Casos de CHIKUNGUNYA NO RECIFE têm aumento de 600%; sabia como diferenciar as doenças

Até o mês de maio, a Secretaria de Saúde do Recife notificou mais de 2.500 casos de doenças transmitidas pelo aedes aegypti na cidade, as arboviroses, como a chikungunya

Suzyanne Freitas
Suzyanne Freitas
Publicado em 08/06/2021 às 11:30 | Atualizado em 24/10/2022 às 17:54
Foto: Agência Brasil
FOTO: Foto: Agência Brasil

Enquanto o novo coronavírus (covid-19) avança em Pernambuco, os moradores do Recife convivem também com o aumento das doenças provocadas pelo mosquito aedes aegypti. A chikungunya é a que mais preocupa. O aumento no número de casos já é de mais de 600%.

No bairro do Arruda, Zona Norte, por exemplo, muitos moradores foram diagnosticados com a doença, nos últimos dias.

Eles contam que, nos últimos meses, o número de pessoas com arboviroses no bairro aumentou. O motivo seria o acúmulo de água e de entulhos no terreno de um conjunto residencial que está abandonado.

A equipe de reportagem da TV Jornal, no mesmo condomínio, registrou reservatórios de água abertos, sem proteção, o que pode facilitar o desenvolvimento do mosquito.

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Sintomas da Chikungunya 

A chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus chikungunya (CHIKV). A doença é transmitida através da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus infectados pelo CHIKV.

Os sinais e sintomas são clinicamente parecidos aos da dengue – febre de início agudo, dores articulares e musculares, dor de cabeça, náusea, fadiga e exantema (erupções na pele).

A principal manifestação clínica que a difere são as fortes dores nas articulações, que muitas vezes podem estar acompanhadas de edema.

Além de febre e mal-estar, o vírus chikungunya pode provocar essas complicações no longo prazo, como inflamações nas articulações, que causam dores fortes, inchaço e limitação de movimento.

Casos de Chikungunya 

Até o mês de maio, a Secretaria de Saúde do Recife notificou mais de 2.500 casos de doenças transmitidas pelo aedes aegypti na cidade.

Desse total, 1.372 foram casos foram de dengue, 1.177 de chikungunya e 43 de zika. Ainda de acordo com a Secretaria, o número de casos de chikungunya aumentou em mais de 600% em relação ao mesmo período do ano passado.

Saiba como diferenciar as doenças arboviroses

Qual é a diferença entre as três arboviroses e como identificá-las? Confira abaixo as informações do Programa de Prevenção à Dengue, Chikungunya e Zika do Governo do Estado e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Dengue

  • Transmissão: picada do Aedes aegypti
  • Proliferação: água parada
  • Sintomas: febre alta (acima de 38ºC); dores musculares intensas; dor ao movimentar os olhos; mal estar; falta de apetite; dor de cabeça; manchas vermelhas no corpo
  • Duração: 2 a 7 dias
  • Complicação: dor abdominal; vômitos; sangramentos nas mucosas
  • Prevenção: evitar a proliferação do mosquito
  • Vacina: só na rede privada. É indicada para quem já teve dengue

A dengue é doença febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave, dependendo da forma como se apresente.

É causada por um vírus RNA, sendo conhecidos quatro sorotipos: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4, que são transmitidos ao homem pelo mosquitos do gênero Aedes, principalmente a espécie Aedes aegypti.

As condições ambientais dos países tropicais favorecem o desenvolvimento e a proliferação do mosquito. A transmissão da dengue é feita pela picada do mosquito fêmea (Aedes aegypti) infectado pelo vírus ao ser humano.

O paciente pode apresentar três diferentes formas da doença: dengue, dengue com sinais de alarme ou dengue grave.

Alguns dos sintomas da doença são febre aguda, com duração máxima de sete dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas:

  • cefaleia (dores de cabeça),
  • dor retro-orbital (dores nos olhos),
  • mialgia (dores musculares),
  • artralgia (dores nas articulações),
  • prostração (corpo mole),
  • exantema (manchas avermelhadas na pele).

Além destes, deve ter estado nos últimos quinze dias em área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou haja a presença de A. aegypti.

Nesse caso, deve-se procurar a unidade de saúde mais próxima para atendimento médico. Iniciar a ingestão de bastante líquidos (água, sucos, chás e soro caseiro) e ficar atento aos sinais de alarme.

É importante que os casos suspeitos e/ou confirmados de dengue sejam notificados às autoridades sanitárias municipais para que desencadeiem medidas de controle da doença.

A forma mais adequada para a prevenção é evitar focos do mosquito. A regra básica é não deixar a água, principalmente limpa, parada em qualquer tipo de recipiente.

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Chikungunya

  • Transmissão: picada do Aedes aegypti
  • Proliferação: água parada
  • Sintomas: febre alta (acima de 38°C); pele e olhos avermelhados; coceira; dores no corpo e articulações (joelhos e pulsos); dor de cabeça
  • Duração: até 15 dias
  • Complicações: encefalite; Síndrome de Guillain-Barré; complicações neurológicas
  • Prevenção: evitar a proliferação do mosquito
  • Vacina: não tem

Doença causada por um vírus do gênero alphavirus, transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo Aedes aegypti e Aedes albopictus os principais vetores.

É caracterizada por febre alta, dores articulares ou artrite intensa com início agudo, podendo estar associados à cefaleia (dores de cabeça), mialgias (dores musculares) e exantema (manchas avermelhadas na pele).

Deve-se considerar um caso suspeito de chikungunya o paciente com febre de início súbito, acima de 38,5°C, e com artralgia ou artrite intensa de início agudo, não explicado por outras condições.

A confirmação do diagnóstico é feita a partir da análise clínica de amostras de sangue e o tratamento contra a febre chikungunya é sintomático, ou seja, analgésicos e antitérmicos são indicados para aliviar os sintomas, sempre sob supervisão médica.

Medidas como beber bastante água e guardar repouso também ajudam na recuperação. Anti-inflamatórios e até fisioterapia podem ser indicados ao paciente se a dor nas articulações persistir mesmo depois da febre ter cessado.

A chikungunya é considerada mais branda do que a dengue e são muito raras as mortes que ocorrem por sua manifestação. Os óbitos, todavia, podem ocorrem por complicações em pacientes com doenças pré-existentes.

  • Transmissão: picada do Aedes aegypti; sexo sem proteção; mãe para o feto na gravidez
  • Proliferação: água parada
  • Sintomas: febre baixa; dor de cabeça; dores no corpo e nas juntas; manchas vermelhas no corpo; olho vermelho
  • Duração: 3 a 7 dias
  • Complicações: encefalite; Síndrome de Guillain-Barré; doenças neurológicas; microcefalia
  • Prevenção: evitar a proliferação do mosquito
  • Vacina: não tem

Zika

A Zika é uma doença viral aguda, transmitida principalmente por mosquitos, tais como Aedes aegypti.

Os sintomas relacionados ao vírus costumam se manifestar de maneira branda e o paciente pode, inclusive, estar infectado e não apresentar qualquer sintoma (apenas uma em cada quatro pessoas infectadas apresenta manifestação clínica da doença).

Mas um sinal clínico que pode aparecer logo nas primeiras 24 horas e é considerado como uma marca da doença é o rash cutâneo e o prurido, ou seja, manchas vermelhas na pele que provocam intensa coceira.

Há, inclusive, relatos de pacientes que têm dificuldade para dormir por conta da intensidade dessas coceiras.

Ao contrário da dengue e da chikungunya, o quadro de febre causado pelo vírus Zika costuma ser mais baixo e as dores nas articulações mais leves.

A doença ainda traz como sintomas a hiperemia conjuntival (irritação que deixa os olhos vermelhos, mas sem secreção e sem coceira), dores musculares, dor de cabeça e dor nas costas.

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Bastante raros, os relatos de morte em decorrência de zika estão, geralmente, relacionados ao agravamento do estado de saúde do paciente, já portador de outras enfermidades.

O vírus Zika foi isolado pela primeira vez em primatas não humanos em Uganda, na floresta Zika em 1947, por esse motivo esta denominação.

O Zika Vírus é considerado endêmico no Leste e Oeste do continente Africano.

Atualmente há registro de circulação esporádica na:

  • África (Nigéria, Tanzânia, Egito, África Central, Serra Leoa, Gabão, Senegal, Costa do Marfim, Camarões, Etiópia, Quénia, Somália e Burkina Faso);
  • Ásia (Malásia, Índia, Paquistão, Filipinas, Tailândia, Vietnã, Camboja, Índia, Indonésia);
  • Oceania (Micronésia, Polinésia Francesa, Nova Caledônia/França e Ilhas Cook).

Casos importados de Zika virus foram descritos no Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos, Austrália e Ilha de Páscoa (Chile).

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