A mulher trans identificada por Roberta Silva, de 32 anos, que foi queimada na última quinta-feira (25), no Cais de Santa Rita, na Área Central do Recife, já respira sem ajuda de aparelhos e está consciente, segundo atualização do estado de saúde feita pelo Hospital da Restauração (HR).
A informação foi dada na manhã desta segunda-feira (28). Roberta segue internada na enfermaria feminina da ala de queimados da unidade de saúde.
A vítima é acompanhada pelo médico Marcos Barreto, referência no tratamento de vítimas de queimaduras e chefe do setor na unidade hospitalar.
O crime aconteceu na madrugada dessa quinta-feira (24), por volta das 0h, quando um adolescente teria se aproximado e jogado uma substância na vítima e ateado fogo.
De acordo com a polícia, a mulher trans estaria perto do terminal rodoviário quando foi queimada. Roberta teve 40% do corpo queimado. Partes do tórax, abdômen, braços, mãos, pescoço e cabeça foram atingidos pelo fogo.
"A morte assombra a gente o tempo todo", diz primeira deputada travesti de Pernambuco
Primeira deputada travesti da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Robeyoncé Lima (PSOL) foi a primeira pessoa pública a chamar atenção para o caso da mulher transexual queimada viva esta semana no centro do Recife.
Com 40% do corpo queimado e ferimentos de até terceiro grau, Roberta, de 32 anos, sobreviveu, mas não sabe até quando.
“A expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos”, lembra Robeyoncé - eleita pela candidatura coletiva “Juntas”.
No ano passado, 237 LGBT+ morreram no Brasil, de acordo com dados do Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil, produzido pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).
Deste total, 94,5% correspondem a assassinatos. No topo da lista das vítimas, estão as travestis e mulheres trans, representando 70% das mortes. Há 12 anos, consecutivamente, o Brasil é o país onde mais pessoas trans são mortas em todo o mundo.
Nesta entrevista, a parlamentar fala sobre as violências sofridas por Roberta e tantos outros transexuais, reflete sobre o preconceito que continua assolando o Brasil, cobra que o Legislativo aprove leis para a comunidade LGBTQIA+ e faz um desenho de como imagina que o país estará daqui a 10 anos.
Veja a entrevista completa clicando aqui.
Adolescente apreendido
Um adolescente foi apreendido, suspeito de cometer a agressão. Em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a identidade do adolescente não pode ser revelada. O adolescente foi apreendido pelo crime e autuado pelo "ato infracional análogo a homicídio doloso tentado".
O jovem foi encaminhado para a Unidade de Atendimento Inicial (Uniai) da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).
Como denunciar LGBTfobia?
A sociedade em geral e a população LGBTI podem denunciar qualquer ato violador dos seus Direitos pelo CECH, através dos números (81) 3182-7665/ 3182-7607, do e-mail [email protected], ou presencialmente na sede do órgão localizado na Rua Santo Elias, 535, bairro do Espinheiro.
O governo do estado garante sigilo das informações. Já a Prefeitura do Recife disponibiliza plataforma online de denúncias contra LGBTfobia através do link https://bit.ly/DenunciaLGBTRecife. Vítimas também podem procurar o Centro de Referência em Cidadania LGBT do Recife.
O equipamento fica na Rua dos Médicis, nº 86, Boa Vista, e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
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Relembre o caso
A violência aconteceu na madrugada da última quinta-feira (24), nos arredores do Cais de Santa Rita, onde Roberta, que mora na rua, costuma frequentar.
Segundo relatou a vítima à codeputada estadual Robeyoncé Lima, o agressor se aproximou, jogou um produto inflamável e ateou fogo. A vítima foi socorrida pelo Serviço Móvel de Urgências (SAMU) e levada para o Hospital da Restauração.
Na unidade de saúde, Roberta ainda passou por um constrangimento. Ela foi inicialmente internada na ala masculina, sem ter respeitado seu gênero. Em nota, a Secretaria de Saúde de Pernambuco informou que a vítima foi transferida para a ala feminina em menos de 24 horas.