Pesquisa

Presença do coronavírus no ar é comprovada e reforça necessidade de ventilação

A presença comprovada do coronavírus (covid-19) no ar reforça necessidade da boa ventilação de ambientes

Jornal da USP
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Publicado em 14/08/2020 às 10:59
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Uma pesquisa realizada no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) comprovou a presença do coronavírus em suspensão no ar.

O vírus foi identificado em microgotículas que as pessoas expelem quando conversam ou espirram e podem ficar suspensas no ar durante horas, havendo possibilidade de transmissão da doença.

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Necessidade de ventilação

Os resultados do estudo reforçam a necessidade de manter uma ventilação adequada em ambientes fechados para diminuir o risco de contaminação pelo vírus.

A pesquisa utilizou a tecnologia de monitoramento da qualidade do ar SPIRI, desenvolvida pela Omni-electronica, startup residente na incubadora do Centro de Inovação, Ciência e Tecnologia (Cietec), instituição ligada à USP e ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).

De acordo com o engenheiro Arthur Aikawa, CEO da Omni-electronica, o projeto teve início em abril, com apoio do programa VedacitLabs. “A pesquisa buscou evidenciar a presença do vírus suspenso no ar, relacionando-a com indicadores de qualidade do ar interior (QAI) da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), que, alinhada com órgãos internacionais, reforça a importância de manter ventilação adequada em ambientes fechados como forma de mitigar o risco de contaminação”, afirma. “A tecnologia SPIRI tem a capacidade de monitorar em tempo real a QAI e permitir a gestão da qualidade do ar desses locais.”

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Estudos

As análises foram realizadas no HC durante dois meses. “Os estudos começaram em junho, depois de um período de aprovação interna do HC, viabilização dos equipamentos para amostragem do ar e alinhamento com laboratórios para verificação das amostras”, conta Aikawa.

“O monitoramento com sensores tem a capacidade de indicar o risco de contaminação por meio de bioaerossóis, em tempo real, para todos os ocupantes de ambientes internos. Já o procedimento de detecção da presença do vírus envolve coleta de amostra e análise laboratorial para atestar a contaminação ou não de um ambiente.”

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Vírus no ar

Ao todo já foram realizadas mais de 20 amostras coletadas ao longo de, ao menos, 150 horas de estudo de campo. “A equipe de pesquisadores capturou o vírus SARS-CoV-2 suspenso no ar em ambiente hospitalar.

Além disso, com o auxílio da Tecnologia SPIRI, pôde demonstrar que mesmo em hospitais a renovação adequada do ar tem capacidade para mitigar o risco de contaminação”, explica o engenheiro. “Ou seja, garantir a ventilação adequada pode ser a maior arma na luta contra o coronavírus.”

Estas amostras estão associadas a dados em tempo real da QAI, como concentração de dióxido de carbono (CO2), um indicador da eficácia da ventilação em ambientes internos.

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“Dessa forma, fica validada a hipótese de que o vírus é transmissível não somente por grandes gotículas durante tosse ou espirro, mas também por microgotículas que as pessoas expelem quando conversam ou expiram”, destaca Aikawa. “Estas partículas, chamadas de bioaerossóis, são tão leves que podem ficar suspensas no ar durante horas se o ambiente não tiver ventilação suficiente.”

As amostras colhidas e analisadas em laboratório podem identificar a presença ou não do SARS-CoV-2 com emissão de laudo técnico, por meio de dispositivos de sensoriamento em tempo real instalados nos ambientes internos.

“Os indicadores de risco de contaminação, entre outras informações, são visualizados na plataforma AMI-Hub e auxiliam o responsável pelo edifício na manutenção da QAI”, afirma o engenheiro. “Os dados também podem ser informados aos ocupantes, como forma de tranquilizá-los a respeito de sua permanência no local. Alarmes e relatórios de conformidade podem ser configurados.”

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A pesquisa

Um artigo científico sobre a pesquisa está em processo de publicação e deverá ser concluído ainda neste mês de agosto. O estudo foi realizado pelos pesquisadores Arthur Aikawa, Matheus Manini, John Esquiagola, Paulo Henrique Peitl Gregório, Alessandro Mariani e Renato Astorino Filho. Para realizar o trabalho, a Omni-Electronica teve o apoio do Instituto Central do Hospital das Clínicas (ICHC) da FMUSP, da incubadora de empresas do Cietec, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), e do VedacitLabs.

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